Por enquanto, a movimentação gerada pela chegada de detentos ao Presídio Estadual de Venâncio Aires parece não incomodar aos moradores das imediações. De acordo com a dona de casa Jéssica Rodrigues, 23, a vida segue dentro da normalidade e o clima é de mais segurança que no período em que havia o regime semi-aberto. Ela considera que a movimentação de familiares dos detentos ainda é pequena e acrescenta: “Eles não nos incomodam.”
Além do aumento no clima de segurança, ela espera que a instalação de um distrito industrial nos arredores do presídio seja benéfica para a comunidade. Quem também espera isso é o funcionário de um viveiro localizado próximo à penitenciária. “Vai ser muito bom porque não tem nenhuma ‘firma’ aqui. Só na cidade”, diz Otomar Almeida.
Ele diz que, por enquanto, a chegada de detentos no novo presídio não resultou em problemas aos moradores da região, mas teme que isso possa mudar quando a penitenciária se aproximar da sua lotação. “Com o semi-aberto era pior, mas tem que ver como vai ser depois.”
VISITANTES
Muitos dos que vão ao presídio para a realização de visitas chegam de ônibus, descem nas margens da rodovia 287 e seguem a pé por uma estrada de terra. No caminho, ao lado da penitenciária, foi construído um estabelecimento comercial com lancheria, mercado e pernoite, que tem virado ponto de encontro desses visitantes.
De São Leopoldo, uma mulher de 38 anos que preferiu não se identificar, contou que veio ao presídio pela primeira vez para visitar o seu filho de 20 anos, mas não pode vê-lo por problemas na documentação, uma vez que sua carteira de identidade era do ano 2000. Ela trouxe consigo alimentos, produtos de higiene e algumas roupas que daria ao filho, que terá que esperar um pouco mais para ver a mãe, que pretende voltar na quarta-feira da próxima semana.
Junto ao estabelecimento comercial também estava uma jovem de 17 anos. Ela aguardava pelos pais que estavam visitando o seu irmão, de 19 anos, preso na quinta-feira passada. A família desconhecia a necessidade de uma autorização judicial para que ela, que é de menor, tivesse acesso ao presídio. Também de São Leopoldo, a jovem reclamou da distância e da dificuldade que haverá para acessar o local em dias de chuva.