Foto: Alvaro Pegoraro / Folha do MateGeada também influencia na redução da oferta de pasto nativo aos animais
Geada também influencia na redução da oferta de pasto nativo aos animais

No dia 21 de junho, se inicia o inverno e, a partir disso, ocorrem novos fenômenos da natureza que algumas vezes implicam na produção agrícola. Um deles é a geada, comum na região. O técnico agrícola do escritório municipal da Emater/RS-Ascar Alexandre Kreibich, esclarece algumas dúvidas sobre este fenômeno e repassa algumas dicas e técnicas para tentar evitar danos da geada sobre a produção agrícola.

A geada causa enormes prejuízos aos produtores rurais, pois seu efeito é repentino e implacável. Ainda existe, nos dias atuais, muita desinformação a respeito deste fenômeno. Segundo Kreibich, a geada está relacionada ao frio, ou seja, a temperaturas baixas. Os tecidos dos vegetais suportam quedas de temperatura até determinados limites. Em geral, este limite localiza-se próximo de 0°C, porém, depende de cada espécie assim como de uma série de outros fatores. Ultrapassado o limite, os tecidos do vegetal congelam e são destruídos, podendo, no caso mais extremo, matar a planta.

Técnicas de prevenção são de médio e longo prazos

Kreibich salienta que há diversas técnicas aplicadas na prevenção e no combate aos efeitos causados pela geada nas culturas agrícolas. Estas podem ser classificadas em preventivas e diretas. “Entre os métodos preventivos, há os de longo prazo, em geral, mais eficientes do que todos os demais e de médio prazo”, explica.

Os danos que aparecem nas lavouras após uma noite de frio são causados unicamente por baixas temperaturas

Alexandre KreibichTécnico agrícola do escritório municipal da Emater/RS-Ascar

As medidas preventivas de longo prazo, conforme o técnico, são: cultivo em terrenos bem drenados, livres de acumulação de ar frio e, portanto, pouco propícios para a ocorrência de geadas; evitar o plantio em baixadas e encostas baixas, em espigões muito planos e extensos, em terrenos de configuração côncava, em bacias fluviais com gargantas estreitas a jusante da lavoura; não deixar vegetação alta e densa, como mata, abaixo da cultura; remover a mata das gargantas a jusante, pelo menos numa faixa de cerca de 100 metros de largura, formando um escoadouro para a saída do ar frio; deixar mata alta ou plantar árvores como o eucalipto ou outra espécie de porte alto acima das culturas, formando um renque bem fechado para evitar a entrada do ar frio no terreno cultivado; e, quando houver vales acima da cultura, manter a garganta entre estes vales o mais fechado possível com matas densas e altas, para evitar a entrada de ar frio. “Se possível, instalar açudes nestas gargantas a montante da cultura, que aquecem o ar frio durante a noite”, acrescenta.

Kreibich apresenta, ainda, as medidas preventivas de médio prazo: conservar o solo da cultura o mais limpo possível de mato e palha durante os meses de inverno. Isto favorece a acumulação da energia solar pelo solo durante o dia, fazendo com que a temperatura caia menos durante a noite; e, limpar as baixadas sujas a jusante da cultura; manter a cultura bem tratada e adubada, principalmente com potássio, pois plantas mais vigorosas resistem melhor à geada. “Existem hoje também métodos diretos, por meio do sistema mecânico, entre os quais vale destacar o método de nebulização com máquina termonebulizadora”, frisa.