Liderados pelas turmas 301 e 302, estudantes do ensino médio da Escola Estadual Monte das Tabocas deram início, na manhã de hoje, a uma mobilização em apoio à luta dos professores por melhores salários, por uma melhor estrutura física para a instituição e, entre outras coisas, pelo baixo valor repassado para a merenda de cada aluno, R$ 0,33.
Após percorrerem as ruas centrais da cidade em protesto, eles se dirigiram ao Cônego Albino Juchem (CAJ) para pedir a adesão dos estudantes da escola. Alguns alunos do Monte acompanhados do professor grevista Elbe Belardinelli conversaram com líderes de turma e a direção do CAJ para explicar as razões do movimento e convidá-los a aderir, mas a direção da escola não autorizou a saída dos alunos.
Mobilizações semelhantes a realizada pelos alunos do Monte das Tabocas ocorrem em várias cidades do Rio Grande do Sul, principalmente em Porto Alegre, e ganharam força após o Centro de Professores do Rio Grande do Sul (Cpers) ter deflagrado greve por tempo indeterminado na última sexta-feira.
Durante a manifestação de hoje, os estudantes revelaram que a ideia era ocupar a escola durante toda a semana e realizar o que chamaram de aulas públicas, que seriam organizadas pelos próprios alunos com o apoio de professores para discutir questões como os rumos da educação e política. A participação seria estendida aos estudantes do CAJ.
Cauan Ferreira Colares, de 16 anos, é um dos participantes do movimento e reforça que o objetivo é chamar a atenção dos governantes para a necessidade de valorizar os alunos e professores. Considera precária a situação do prédio da escola e, entre outras coisas, mostra-se preocupado com Projeto de Lei 44/16, do Governo Sartori, que acredita representar uma forma de privatização das escolas.
Na caminhada de hoje pelas ruas centrais, Cauan e os colegas demonstram insatisfação com o cenário da educação e proferiram gritos como ‘O professor é meu amigo, mexeu com ele, mexeu comigo!’ e ‘Estudante na rua. Sartori, a culpa é sua!’.
ALUNOS COMO PROTAGONISTAS
Segundo os membros do movimento, a manifestação foi organizada pelos próprios alunos por meio de uma rede social e não contou com o apoio da direção da escola. A diretora Jacqueline Pasa reforça que a escola não está em greve e a manifestação é de responsabilidade dos estudantes, que optaram por não estar em sala de aula.
“Eles estão querendo nos apoiar. Eu até acho isso uma maneira de eles aprenderem um pouco de cidadania, mas nós queremos deixar claro que a Escola Monte das Tabocas não é uma escola grevista”, ressalta.
Hoje, em função da manifestação dos alunos, apenas os anos inciais tiveram aula pela manhã. à tarde, houve mobilização, mas foi seguida de aula. Para a noite, também havia a possibilidade de algum tipo de ato.
A proposta da direção do Monte das Tabocas é que, a partir desta quarta-feira, os alunos do ensino médio ocupem o período final das aulas para realizar as discussões que desejam. Para amanhã, também está prevista a realização de um ato por alunos de Santa Cruz do Sul, a partir das 9h, junto à Praça Siegfried Heuser. Há a previsão de participação de estudantes da escola venâncio-airense.
SITUAçãO DA GREVE
A greve dos professores estaduais deflagrada pelo Cpers, na sexta-feira, conta com baixa adesão em Venâncio Aires. Das escolas da área urbana, nenhuma paralisou as atividades. Há apenas dois profissionais em greve, um na Escola Monte das Tabocas e outro na Escola Wolfram Metzler, ambos ligados ao sindicato.
A categoria reivindica o fim do parcelamento dos salários, cumprimento da Lei do Piso e reajuste de 13% dos vencimentos, além do convênio do Instituto de Previdência do Estado (IPE) com pleno atendimento e sem aumento de descontos.
Atendendo à solicitação do Cpers, foi realizado um encontro ontem, entre representantes do governo do Estado e da entidade, mas segundo reportagem do jornal Zero Hora, a reunião acabou sem avanços e teve confusão, pois alunos tentaram ingressar no prédio para participar do encontro, mas foram barrados por seguranças.