Doze internos da Penitenciária Estadual de Venâncio Aires (Peva) vão expôr sua arte no centro de Venâncio Aires. Eles são os executores de um projeto criado por Marília Azevedo Schultz e que prevê a construção de dez árvores natalinas, a partir de materiais reciclávies. Prontas, vão colorir a área central. Tudo sem custo à municipalidade.

O projeto tem apoio do Conselho da Comunidade, Arteva, Lions Melvin Jones e Prefeitura. A intenção é de que sejam montados ao redor da Igreja Matriz e dentro de praça. No entanto – informaram agentes penitenciários envolvidos na confecção das árvores – há um entrave envolvendo a diretoria da paróquia que, até o momento, não se manifestou oficialmente sobre a montagem das árvores no entorno da igreja e dentro da praça.
Segundo Elmo Fengler, a preocupação se dá por conta das obras de reforma do telhado da igreja. O presidente do Conselho Administrativo da Paróquia disse que nos próximos dias eles conhecerão o projeto e darão uma posição. Ele salienta que hoje há tapumes no lado direito da igreja – no lado da rua Tiradentes – e que isso será transferido para o outro lado, antes da realização da festa do padroeiro, São Sebastião Mártir, que se realiza de 19 a 22 de janeiro.
Caso não sejam usadas no entorno da igreja e na praça, as árvores enfeitarão outros pontos centrais da cidade. A garantia é do secretário de Cultura, Thomaz Lenz. No entanto, ele ainda não definiu aonde elas serão montadas.
Os enfeites são fabricados com a utilização de palets e garrafas pet. Os doze apenados são responsáveis por desmontar os palets de madeira, fazer os cortes necessários, montar e pintar a estrutura. As garrafas pet são cortadas e pintadas, ficando presas à estrutura de madeira. Algumas delas terão uma lâmpada em seu interior, deixando a árvore ainda mais colorida.
Pelo projeto, as dez árvores, que terão 4,80 metros de altura cada uma, ficam prontas até o dia 15 de novembro e devem estar todas montadas até os primeiros dias de dezembro. Eles permanecerão enfeitando o centro da cidade até os primeiros dias de janeiro, quando serão desmontadas e retiradas do local. Todo o trabalho será feito pelos mesmos apenados.
RESSOCIALIZAçãOO envolvimento de apenados em projetos como este são voltados à ressocialização de quem cumpre pena na Peva. Há outros projetos em andamento e a direção da casa prisional busca incentivar os envolvidos.
Uma das ideias é de sugerir ao Conselho da Comunidade e ao responsável pela Vara de Execuções Criminais (VEC), aumentar a remissão da pena a quem presta este tipo de serviço. Hoje, os presos que trabalham na cozinha e na manutenção da casa prisional ganham um dia de remissão, a cada três trabalhados. A intenção é de fazer este bônus reduzir um dia da pena para cada dois trabalhados.
Segundo informado, hoje 30 presos trabalham na penitenciária. A capacidade é para 529 apenados e a cadeia está lotada, sendo que 20% das vagas são ocupadas por presos provisórios. São aqueles flagrados cometendo delitos e que podem ser liberados a qualquer momento.
MISSAOutra forma de ocupar os apenados é oferecendo momentos que envolvam a religiosidade. Mensalmente, padres católicos rezam missas, em dias intercalados, possibilitando a participação dos presos de todas as galerias. “é uma missa por mês para cada galeria e a participação é muito boa”, comenta o diretor Artêmio Rossi.
A penitenciária é dividida em quatro galerias e a separação dos apenados é essencial para evitar, principalmente, as brigas entre facções. Afora isso, ficam separados dos demais os presos condenados por crimes sexuais, que ontem totalizavam dez homens.