Por Júnior Posselt e Débora Kist
Mesmo com comercialização ainda em fase final, muitos produtores rurais de Venâncio Aires já estão bastante avançados no plantio de tabaco da próxima safra. O objetivo é aproveitar o período do inverno, especialmente as chuvas, para o desenvolvimento da planta. Além disso, o plantio precoce possibilita que os produtores consigam evitar mais dias de sol quente, no período da colheita, em direção ao fim do ano.
Conforme levantamento conduzido pelo escritório da Emater/RS-Ascar, entre 30% e 35% do tabaco previsto para a safra 2025/26 já está plantado. Além disso, uma pesquisa realizada com 98 famílias produtoras do município mostra uma tendência de redução de cerca de 2% de área destinada para a cultura, estimando cerca de 8,6 mil hectares destinados para a cultura nesta safra.
O engenheiro agrônomo e chefe da Emater de Venâncio, Vicente Fin, reforça que o órgão realiza um acompanhamento indireto com a produção do tabaco no município. As entrevistas com agricultores são realizadas somente para um panorama atualizado. “A nossa atividade é mais espalhada dentro da cultura, com o foco especial no manejo e cuidado com o solo”, explica.
Resultado positivo da safra 2024/25
Na análise sobre a safra que está encerrando, Vicente Fin explica que a produtividade foi uma das melhores dos últimos anos. Em média, foram 2.303 quilos por hectare e preço de venda foi de R$ 321,35 por arroba. “Quando se multiplica a área plantada no último ano e a produção, mostra que tivemos 20,2 milhões quilos de produção, identificando um cenário promissor”, afirma.
Cuidados com as mudas em meio ao rigor do inverno
Em Linha Ponte Queimada, no interior de Venâncio Aires, Elisandro da Costa da Silva, 37 anos, vai plantar 70 mil pés de tabaco em 2025. Ele costumeiramente usa uma variedade de semente de ciclo mais longo, ou seja, permanecem cerca de 180 dias na lavoura. As primeiras 30 mil mudas foram plantadas entre maio e início de julho. Nesta semana, foram mais 20 mil e os outros 20 mil serão plantados neste mês de agosto.
Como o inverno tem sido considerado dentro do ‘padrão’ gaúcho, com dias seguidos de temperaturas mais baixas e formação de geada, o agricultor revela que precisou dar uma atenção ainda maior para as mudas. Em noites muito frias, colocou uma lona a mais sobre os canteiros e manteve o nível da água – onde ficam as bandejas – mais alto, para evitar o congelamento das raízes.
Durante as manhãs, assim que aparecia o sol, ele erguia as coberturas e, no início da tarde, já fechava, para segurar o calor dentro dos canteiros. “O que mais passamos trabalho nesse ano foi com as doenças. Teve muitos dias sem sol e com umidade, daí perdemos 15 mil mudas. Tivemos que comprar novamente e agora estão vindo bem bonitas e com raízes novas. Mas sabemos de outros produtores que perderam muita muda por causa da geada”, relata Elisandro da Silva.
Do que já está na lavoura, daquela primeira leva plantada em maio, o agricultor acredita que começará a colher entre setembro e outubro. E, se tudo correr dentro do esperado, quer finalizar a colheita de toda safra até dezembro.