A produção de peças em tricot, macramê, pet work, crochê e biscuit são características que marcam o artesanato. O trabalho é manual e marcado pelos detalhes. Essa atividade, na Casa do Artesão de Venâncio Aires, está próxima de alcançar o valor anual de vendas de R$ 34 mil, mesmo número que foi arrecadado no ano passado pelo local.
A afirmação é da coordenadora da Casa, Cenir Angnes. Conforme ela, os valores estão próximos aos do ano passado, pois a procura pela atividade aumentou neste ano também em função da crise. “O artesanato é uma forma de agregar renda e se tornar a renda principal das pessoas em momentos de crise econômica.” O local é vinculado com o Programa Gaúcho do Artesanato da Fundação Gaúcha do Trabalho e Ação Social (FGTAS). Todo o mês é realizada a contabilidade para verificar quanto foi vendido e, todo final de ano, há uma prestação de contas para o FGTAS que pertence ao Estado.
No total, há 43 artesãos que fazem parte da Casa do Artesão e possuem a carteirinha. Já no município, segundo Cenir, há cerca de 800, pois muitos atuam sem registro e não fazem parte do Programa. Nesse número, também estão incluídos os artesãos do Programa Municipal do Artesanato da Administração Municipal.
Cada artesão que faz parte da Casa do FGTAS, doa um percentual de cada produto que comercializa. Os valores são aplicados para a manutenção do local. “é um orgulho o artesanato daqui. é algo original, bem feito com excelente acabamento. Utilizamos técnicas diferenciadas”, refere Cenir.
De acordo com a coordenadora da agência do FGTAS Sine do município Alessandra Ludwig, a Casa do Artesão de Venâncio Aires é uma das maiores do Estado e foi fundada em 22 de dezembro de 2011. “Além de gerar renda, o artesanato é reconhecido como profissão. Isso mantém viva a cultura da nossa região, pois podemos perceber pelos trabalhos realizados.”
“O artesanato agrega renda para as pessoas e criatividade”,Cenir Angnes, coordenadora da Casa do Artesão em Venâncio Aires
“Quanto mais se faz, mais ideias surgem”
Uma das artesãs que faz parte da Casa do Artesão é Maria Claudete Weschenfelder Pilz. Há quatro anos, começou a fazer o artesanato, porque uma amiga convidou para um curso. “Aprendi o macramê, mas logo achei difícil. Depois fui aprendendo e gostando.” Hoje, aplica a técnica em panos de prato, vestidos, toalhas, mantas de sofá, entre outros. Maria Claudete diz que vale a pena se dedicar ao artesanato pelo fato de ser uma terapia e de agregar renda. “Podemos criar a cada dia algo diferente.”
A Carteirinha
Para fazer a carteirinha do artesanato na Casa do Artesão é preciso ter mais de 16 anos, levar carteira de identidade, CPF, uma cópia de comprovante de residência e uma foto 3×4. A taxa é de R$ 22. Os que possuem mais de 60 anos não pagam o valor da taxa. A carteirinha tem validade de dois anos. Com o documento, a pessoa está apta a comprar Nota Fiscal e preencher com seus dados. Para as feiras ou mercadorias tem que ter a carteirinha, pois estão sujeitos a fiscalização. Os artesãos que possuem o documento também não pagam ICMS e outros impostos. A Casa do Artesão atende de segunda-feira até sexta-feira das 8h30min até as 12h e das 14h até as 18h30min. Aos sábados, das 8h30min até as 12h. O local fica ao lado da agência do FGTAS/Sine na rua Osvaldo Aranha.
No Estado, Programa contabiliza mais de R$ 34 milhões e 46 mil artesãos ativos
A profissão de artesão foi regulamentada pela Presidência da República, por meio da sanção da Lei nº 13.180. Entre outras medidas, o dispositivo estabelece destinação de linha de crédito especial para financiamento e certificação da qualidade do artesanato. No Rio Grande do Sul, há 46.198 artesãos ativos que movimentaram R$ 34.816.644,01 em notas fiscais, de janeiro a setembro de 2015, segundo o Programa Gaúcho do Artesanato (PGA). As informações são da assessoria de imprensa do FGTAS.
De acordo com a coordenadora do Programa Gaúcho do Artesanato, Marlene Leal, a lei não trará mudanças para os artesãos cadastrados no Programa, uma vez que já eram reconhecidos profissionalmente, através da Carteira de Artesão e da declaração do exercício da profissão, que garantiam registro na Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) por parte do Ministério do Trabalho e Emprego. “A lei vem para beneficiar os artesãos dos estados brasileiros que não reconheciam o artesanato como profissão”, completa. Há 29 Casas do Artesão situadas no interior do Estado.
As unidades concentram a realização de capacitações e a comercialização de peças artesanais. “O artesanato mantém viva a nossa cultura e, ao mesmo tempo, impulsiona a economia gaúcha. é uma importante ferramenta de geração de emprego e renda para as famílias. Inclusive, é considerada a única profissão e fonte de renda de um número significativo de famílias envolvidas nessa arte”, destaca o diretor-presidente da FGTAS, Juarez Santinon.