Pesquisa de potencial de consumo divulgada pela IPC Marketing Editora – empresa paulista que faz o levantamento anual do poder de compra dos municípios brasileiros – registra que vão circular, até o fim do ano de 2020 -, R$ 106,6 milhões na economia de Mato Leitão. O montante é 8,54% menor do que foi registrado em 2019, quando os moradores da Cidade das Orquídeas tiveram seu poder de consumo chegando a R$ 116,5 milhões.
Conforme o diretor da empresa e responsável pelo estudo, Marcos Pazzini, a pandemia da Covid-19 é a principal explicação para a queda. Ele lembra que, de um ano para outro, há decréscimo também no poder de consumo per capita urbano e rural. Quem reside em áreas urbanas terá R$ 30.182,26 no total para gastar, R$ 3.466,64 a menos que em 2019.
Quem mora em áreas rurais terá R$ 18.388,45 de poder de compra, em média. São R$ 534,76 a menos que o ano passado. “A queda foi geral, pois a crise gerada pela pandemia atingiu todos”, esclarece. O share de consumo, que indica o percentual da participação de Mato Leitão na economia nacional, caiu de 0,00249 para 0,00239.
Categorias
No consumo por categorias, destaque para os itens ‘manutenção do lar’, que abrange aluguéis, água, condomínio, esgoto, energia elétrica, telefones fixo e celular, serviços domésticos, gás de cozinha e TV por assinatura, por exemplo, com valor de aproximadamente R$ 14 milhões; ‘gasto com veículo próprio’, com R$ 7,3 milhões; e ‘alimentação no domicílio’, com R$ 4,9 milhões.
Entrevista: Marcos Pazzini, responsável pelo estudo
Folha do Mate – O total de consumo de Mato Leitão teve queda de 8,54% de 2019 para 2020. O consumo rural caiu 4,86% e o urbano 11,64%. Porque o pessoal da cidade perdeu mais poder de consumo do que quem mora no interior? Que análise se pode fazer destes números?
Macos Pazzini – Na verdade, área rural não é necessariamente área de interior ou campo, mas área de periferia onde a Prefeitura não entrega os serviços básicos e, por isso, não pode cobrar IPTU. Nesse contexto, a queda do poder da compra da população que mora na ‘cidade’ foi maior, pois a dependência do emprego formal é maior e o impacto da pandemia nessas regiões foi bem mais intenso. Nas áreas rurais, de campo, o impacto foi menor e o resultado está evidenciado nos números mencionados.
Em 2019, eram 669 empresas. Em 2020, são 605 estabelecimentos neste setor, 64 a menos. O que pode ter sido fator para esta redução?
Esse fenômeno de fechamento de empresas não é fato isolado de Mato Leitão, mas ocorreu no país todo, tanto por conta da pandemia do novo coronavírus, quanto pela abertura de muitos MEIs (microempreendedores individuais) nos últimos anos. Essa crise serviu como um acerto de contas para essa abertura de empresas que vinha acontecendo, até de forma desordenada.
No ranking nacional, houve queda da 3.615ª para a 3.688ª posição, 73 no total. No estadual, queda da 273ª para a 289ª posição, 16 no total. Que avaliação é possível fazer?
Veja que a queda do IPC Maps de Mato Leitão entre 2019 e 2020 foi de apenas 0,00010, o que em termos matemáticos, é praticamente desprezível, mas como o IPC Maps refere-se aos 100% do Brasil divididos pelos 5.570 municípios brasileiros, essa pequena queda representou a perda de 16 posições no ranking estadual e 73 posições no ranking nacional. Essa queda é negativa, pois mostra que Mato Leitão sentiu mais fortemente os efeitos dessa pandemia e sua população terá menos dinheiro para consumo.
O número de domicílios rurais caiu de 1.045 para 1.024, menos 21. Já o número de domicílios urbanos caiu de 704 para 694, 10 a menos. Como explicar esse movimento?
Houve queda na quantidade de domicílios urbanos e rurais entre 2019 e 2020, inclusive a taxa de crescimento demográfico de Mato Leitão é negativa. Outra explicação importante, é que em nosso estudo consideramos apenas a quantidade de domicílios particulares permanentes, ou seja, domicílios fechados e de veraneio não são computados em nossos números.
O consumo per capita urbano anual caiu R$ 3.466,64. O consumo per capita rural anual também caiu, mas bem menos: R$ 534,76. Como devemos analisar estes números?
Essa medida de consumo per capita mostra o valor por habitante e como o consumo urbano e rural caíram em 2020, em comparação a 2019, a queda nos valores de consumo per capita é consequência dessa queda dos valores totais de consumo. Mas não podemos esquecer que 2020 é um ano atípico e que de 2021 para frente, os valores de consumo total e per capita devem voltar a apresentar crescimento positivo.
A população caiu de 4.656 para 4.574 habitantes. Em contrapartida, a frota de veículos foi de 3.608 para 3.815. Há como relacionar os números? O que se pode dizer disso?
Não há nenhuma correlação, pois frota refere-se a todos os tipos de veículos, incluindo carros, motos, ônibus e caminhões registrados no município. Não sei se é o caso de Mato Leitão, mas acontece muito de um município ter registro grande de ônibus ou caminhões, devido à existência de transportadora ou empresa de ônibus na cidade, mas os veículos circulam fora do município, em viagens pelo Brasil. Há também o fato de que o número de motocicletas vem aumentando ano a ano e esse pode ser o tipo de veículo que puxou o crescimento da frota em Mato Leitão.
Dados gerais
População
Total 4.574
Urbana 1.908
Rural 2.666
Faixa etária Homens Mulheres
0 a 4 anos 101 129
5 a 9 anos 143 114
10 a 14 anos 142 114
15 a 17 anos 80 70
18 a 24 anos 201 219
25 a 29 anos 173 157
30 a 39 anos 350 352
40 a 49 anos 350 314
50 a 59 anos 300 275
Mais de 60 anos 451 539
Total 2.291 2.283
Alfabetizada 4.147
Empresas
Indústria 165
Serviços 280
Comércio 154
Agribusiness 6
Total 605
Domicílios
Urbanos 694
Rurais 1.024
Total 1.718
Rankings
Nacional 3.688º
Estadual 289º
PIB
Total (R$ 1000) 130.501,05
Per capita (R$) 30.519,42
Números
Área (km²) 46,9
Frota de veículos 3.815
Distância da capital 104 km
Consumo per capita (R$/ano)
Urbano 30.182,26
Rural 18.388,45