Aquele estereótipo de que as pessoas da terceira idade se preocupavam, apenas, em cuidar dos netos e da casa é coisa do passado. Hoje em dia, os vovôs e as
vovós querem qualidade de vida, claro, sem deixar de lado aquela antiga preocupação com a família, principalmente com os filhos dos filhos. Nesta semana a Associação Gaúcha para Desenvolvimento do Varejo (AGV) divulgou uma pesquisa que mostra a gradual mudança no perfil deste público.
De acordo com o estudo, além de participarem da criação dos netos financeiramente, eles são muitas vezes chefes de família e querem investir em sua qualidade de vida. “A condição financeira deste público em razão da aposentadoria, e de muitos continuarem trabalhando, faz com que eles sejam fundamentais neste momento de crise”, avalia o presidente da AGV, Vilson Noer. A avaliação se dá a partir da análise da pesquisa que aponta o movimento mensal de R$ 1,85 bilhão na economia gaúcha por parte dos ‘velhinhos’.
Essa nova geração de avós, segundo estudo, também revela maior poder aquisitivo para investir em saúde, moda e beleza. Há a estimativa de que 62% das mulheres, acima de 60 anos, fizeram, pelo menos, uma cirurgia plástica. Ainda, a pesquisa aponta que 59% das mulheres e 79% dos homens com mais de 60 anos trabalham e, mesmo os aposentados, têm uma nova visão de como gastar seu dinheiro, como em viagens e bens pessoais. Realidade semelhante com a avó de Isadora, a Marlene que prefere gastar sua aposentadoria em buscas de novas histórias e destinos.
59% é o percentual de mulheres, acima de 60 anos, que têm uma nova visão de como gastar seu dinheiro, como em viagens e bens pessoais. A estimativa de homens que pensam assim é de 79%.
Inflação x Terceira idade
Os dados da Fundação Getúlio Vargas (FGV) apontam que os lares que contam com moradores idosos devem ser mais penalizados pela inflação este ano. A alta de preços para esses consumidores já atingiu 9,37% nos 12 meses até junho e tende a se aproximar de 10% nos próximos três meses, especialmente em custos de remédios, planos de saúde e condomínio.
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*Fonte: AGV/Uffizi
Marlene da Luz: a vovó viajante
Por 40 anos, Marlene da Luz, 67, compartilhou seus conhecimentos. Como professora, deu aula de português e literatura. Em casa, ao lado do seu marido – já falecido -, desempenhou um papel fundamental na criação da filha Paula. Agora, contribui para o crescimento da neta. Seu tempo, no entanto, não se resume apenas a pequena Isadora, 5. Ela também viaja, desta vez para adquirir novos conhecimentos.
Diferente da época em que lecionava, quando também buscava por informações, só que em livros, depois de aposentada Marlene escolheu pelo palpável, que transmitisse sentimentos e que ela pudesse ‘ver’ de pertinho. Por isso, há cinco anos, a mala é sua principal companhia. Com ela, que consegue reunir o que precisa para conhecer o ‘mundo’ e visitar a neta. E na volta de cada caminho percorrido, a bagagem volta ainda mais cheia. Pois Marlene carrega mais uma viagem para sua uma imensa coleção de idas para o exterior e interior do Brasil. Além de, claro, somar histórias para contar e fotos para mostra à pequena Isa.
Apenas neste ano já fez duas “grandes viagens” para fora do País. “No fim de maio fui para a Terra Santa, em Israel, e em junho, dez dias depois que cheguei em Venâncio, fui para Rivieira, no México.” Ela também foi para outros países da América Latina e para a Alemanha – único local que pretende voltar, pois não conheceu a capital, Berlim. “Me organizo para fazer, pelo menos, uma viagem para o exterior por ano, sem repetir destino”, conta a mulher que gosta da emoção do desconhecido.
