Com informações de Ana Flávia.
No último ano, os consumidores que foram ao supermercado para adquirir a erva-mate para a produção do chimarrão, surpreenderam-se com o preço cobrado pelo produto. Mais do que um simples aumento, essa situação significou, na verdade, uma valorização de toda a cadeia produtiva, que por anos esteve estagnada.
Nesta entrevista, o presidente do Sindicato da Indústria do Mate do Estado no Rio Grande do Sul (Sindimate), o venâncio-airense Gilberto Heck, fala sobre esse movimento ocorrido no setor, assim como as ações pelas quais a entidade representativa tem lutado.
FENACHIM EM REVISTA – Em 2013 houve uma valorização no setor ervateiro e, consequentemente, otimismo em relação a produção e industrialização da erva-mate. Como está a situação atual?
GILBERTO HECK – No segundo semestre de 2013, houve aproximadamente 400% de aumento nos preços da erva-mate in natura. No fim do ano, por ativação de ervais abandonados, adubação e melhor manejo de ervais existente e a transcorrência do clima muito favorável à cultura, houve um grande aumento de oferta de matéria prima. Isto estabilizou os preços, tanto da erva-mate in natura, como a do chimarrão. Isso revigorou toda a cadeia produtiva, que por muitos anos esteve estagnada, motivada por excesso de oferta de matéria prima e baixa demanda de produtos à base de erva-mate.
F E R – Quais são as movimentações que o Sindimate tem feito para promover a cadeia da erva-mate?
HECK – O Sindimate está pleiteando, junto ao governo do Estado, a colocação de Chimarródromos em praças e parque de Porto Alegre, levando o projeto hoje existente em Venâncio Aires, em nossa praça, em que a cuia estiliza o mapa mundo. O objetivo é estender o prazer do consumo do nosso chimarrão, valorizando nossas tradições e nosso produto.Na luta constante pela qualidade e melhor produto in natura, o Sindimate dá apoio irrestrito ao fortalecimento do Ibramate (Sindicato Brasileiro da Erva Mate), criado no início de 2013, o qual reúne toda cadeia produtiva, orientando desde a seleção de matrizes para colheita de sementes, mudas, adubação, manejo, poda, orientações, que resultam em um produto de maior qualidade.Outra frente de trabalho que o Sindimate foca é o pleito de ‘alíquota zero’ na cobrança do Pis/Confins na cadeia produtiva da erva-mate. Isso beneficiará cerca de 30 mil produtores rurais, quase 500 industrias ervateiras, nos três estados do sul do País, em sua maioria pequenas industrias familiares, segundo senso agropecuário 2006, do IBGE.Outra objetivo do Sindimate é a isenção de tributação de ICMS na transferência de matéria prima entre filiais da mesma empresa provinda de outros estados, pois entendemos que a tributação só deva ocorrer na transferência de titularidade do produto.
F E R – Qual é a importância do fortalecimento da cadeia produtiva da erva-mate?
HECK – A erva-mate é um alimento com propriedades terapêuticas e faz parte das tradições deste povo. Além de todos os benefícios que a redução de tributos traz à população mais carente, propicia uma reorganização do setor, trazendo para a formalidade uma gama de pequenas empresas. Temos de considerar ainda que a erva-mate, se mantendo com uma política consistente e duradoura para o aumento de consumo, proporcionará uma renda atraente a pequenos produtores que hoje, só tem como sobrevivência a cultura de tabaco. F E R – Na sua opinião, qual é a importância de uma festa como a Fenachim para promover a erva-mate?
HECK – Momento onde o nosso chimarrão é celebrado por um município inteiro e também pelos seus visitantes. Onde várias gerações se reúnem e degustam o sabor de nossa bebida. Neste momento nos vem a certeza de que, como diz nosso amigo Pedro Schwengber [diretor executivo do Instituto Escola do Chimarrão], ‘o mundo ainda vai tomar Chimarrão’. Enfim, a Fenachim é a ‘Festa com sabor do Rio Grande’.