Representantes do setor se reuniram na quinta-feira, 21, para a 36ª reunião da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Tabaco, em Brasília. Na pauta principal do encontro estiveram as preocupações com a posição do governo brasileiro que será levado à 5ª reunião da Conferência das Partes (COP 5), em novembro deste ano, na Coréia do Sul, quando serão debatidos temas relacionados aos artigos 17 e 18 da Convenção Quadro para o Controle do Tabaco (CQCT). Os temas estão diretamente relacionados com a produção de tabaco no campo. O representante do Ministério da Agricultura na Comissão Nacional para Implementação da Convenção-Quadro (Conicq) apresentou ao grupo algumas informações sobre a última reunião preparatória do grupo de trabalho da COP 5 e comunicou que o documento com a posição brasileira deve ser enviado até a próxima segunda-feira, 25 de junho, ao secretariado da CQCT.

O presidente do Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SindiTabaco), Iro Schünke, participou do encontro e destacou a importância de um diálogo aberto entre o poder público e o setor para que se busque um melhor equilíbrio nas decisões. “Ficamos muito preocupados porque só agora tomamos conhecimento de que a Conicq já discutiu e elaborou a posição brasileira em relação aos artigos 17 e 18, sem que a cadeia produtiva do tabaco pudesse fazer qualquer tipo de manifestação”, relata. O grupo definiu que a Câmara Setorial irá buscar uma discussão maior sobre o tema, no sentido de conhecer a opinião do governo brasileiro que será levada à COP 5, na Coréia do Sul.

Também fizeram parte da pauta os assuntos tratados pelos grupos de trabalhos Combate ao Mercado Ilegal de Produtos Derivados do Tabaco, outra preocupação do setor. Estima-se que 30% do mercado de cigarros do Brasil seja ilegal.

Convenção Quadro

Mesmo com toda esta relevância econômica, a produção de tabaco no País está ameaçada pelas constantes medidas restritivas que iniciaram em 2005, a partir da assinatura da Convenção Quadro para o Controle do Tabaco (CQCT). Neste ano, o setor do tabaco sofreu com os impactos de medidas aprovadas na 4ª Conferência das Partes (COP 4), realizada em 2010. Naquele ano foram discutidos, em Punta Del Este, os artigos 9 e 10 da Convenção-Quadro, que versam sobre a proibição do uso de alguns ingredientes na fabricação de cigarros. A decisão da COP 4 foi de recomendar a proibição do uso dos aromatizantes, pressionada principalmente pelo governo brasileiro. Logo após a Conferência, em novembro de 2010 a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) abriu consulta pública para discutir o assunto. Em março de 2012, a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC 14) estabeleceu duros critérios para a comercialização de cigarros no País, proibindo ingredientes e alterando 99% das marcas de cigarros consumidas no País, um passo perigoso na direção do contrabando, de acordo com a Fundação Getúlio Vargas.