Foto: Reprodução / InternetAos 85 anos, ela diz que não pretende largar a direção
Aos 85 anos, ela diz que não pretende largar a direção

Terça-feira, 2 de junho. Passava um pouco das 14h quando foi feito o contato com a família da caminhoneira Nahyra Schwanke, da cidade de Não Me Toque. Nãaaao. A vó foi viajar. Foi levar uma carga até aí em Rio Grande. Quem sabe você liga na quinta-feira, daí, se ela não pegar outra carga, talvez volte e estará em casa. Dizia a voz do outro lado da linha.

Aos 85 anos de idade, Nahyra ainda dirige caminhão. é considerada a motorista mais velha do Brasil na profissão. Há 60 anos é caminhoneira e ainda desbrava as rodovias do país buscando e levando cargas de trigo, arroz e cevada. Na última terça-feira seguiu viagem de Não Me Toque para o Porto de Rio Grande. Entre estes tantos caminhos já cruzados por dona Nahyra, um deles tem um toque especial das mãos devotas da caminhoneira. Foi ela que, na RS 422, na localidade de Vila Deodoro, na década de 70, colocou em cima de uma pedra, na beira da rodovia, a imagem de Nossa Senhora.

Com simpatia e paciência, a caminhoneira contou detalhes sobre os trajetos da Serra, citando Barros Cassal e Venâncio Aires em especial. “Sim. Eu coloquei uma imagem de Nossa Senhora Aparecida para que ela nos ajudasse, a todos os caminhoneiros, que nos cuidasse. Sim, lembro que fiquei sem freios e pedi pra Nossa Senhora a proteção. Também, naquela época, os freios eram diferentes, fracos, não eram como hoje”, diz. A caminhoneira conta que o primeiro caminhão é de 1958. “Naquele tempo era um Ford s600, amarelinho, comprei no Guido Cé, em Encantado”, recorda. Além do Ford, recorda que subia e descia a Serra pela RS 422 com o Alfa Romeo. A caminhoneira fica surpresa ao ser informada que, hoje, a imagem que ela deixou no local, resultou em um santuário denominado Nossa Senhora de Lordes. “ Aquela estrada ainda está lá e com a imagem que eu coloquei?”, surpreende-se. Nahyra garante que quer voltar e visitar o lugar por onde passou muitos de seus anos na boleia do caminhão.O Santuário Nossa Senhora de Lourdes é um local de devoção e de oração de fieis e de motoristas que, no local, deixam seus pedidos e cumprem suas promessas.

Foto: Reprodução / InternetRecordações do Alfa Romeo. Com um desses que ela descia a Serra de Venâncio Aires
Recordações do Alfa Romeo. Com um desses que ela descia a Serra de Venâncio Aires

RESULTADOSA história de dona Nahyra como a caminhoneira mais velha em atuação no país, ganhou o noticiário de uma programa de televisão, divulgado no domingo,7. O valor concedido a ela de R$ 100 mil foi destinado para o pagamento do último caminhão que adquiriu, que estava com dívidas. Sobre a conquista, Nahyra destaca: “é, menina, isso é a Nossa Senhora que está se lembrando de nós”.

 NOVAS IMAGENSDepois de ter a primeira imagem colocada no local, na década de 70, pela caminhoneira Nahyra Schwanke, a grutinha de Vila Deodoro sofreu com a ação da natureza no ano de 2001, quando uma avalanche de terra e de pedras destruiu o local. Com apoio da comunidade e serviços voluntários de Nori Jaeger, o espaço foi reerguido e reconstruído sendo inaugurado como santuário no ano de 2004. 

Passados mais de dez anos, foi em março de 2015 que vândalos quebraram e destruíram as imagens da gruta. Voluntários da comunidade se reúnem neste sábado, a partir das 10h, quando o Santuário Nossa Senhora de Lourdes vai receber as imagens. Uma delas, de 80 centímetros, foi trazida da cidade de Aparecida, São Paulo, especialmente para o local, além de outras imagens de santos, doadas pelos fieis.

Foto: Reprodução / InternetForam vários modelos até chegar no caminhão de carga que dirige hoje em dia
Foram vários modelos até chegar no caminhão de carga que dirige hoje em dia