Rodovias federais e estaduais se tornaram pontos de encontro dos camioneiros de todo o Brasil. De 24 horas de um dia, pelo menos 12 eles passam nas estradas desde segunda-feira, 23. E não é fazendo viagens longas para entregar os produtos que carregam. Eles, estão nas rodovias pedindo por um Governo melhor, por combustíveis mais baratos e aumento nos valores dos fretes. Estão pedindo por estradas melhores e solicitando um olhar mais atento para a categoria.Geralmente os profissionais das estradas espremem tudo o que querem e que precisam fazer em 24 horas de um dia. Tentam encaixar um tempo para a família em meio aos longos quilômetros que precisam percorrer em semanas ou meses. Eles sempre dão um ‘jeitinho’ para realizar ‘de tudo e um pouco’. Diferente dessa rotina diária, nesta semana eles tiveram tempo. Só não tiveram tanto tempo para ficar com os filhos, esposas ou pais.

Foto: Alvaro Pegoraro / Folha do MateClederson (de boné) e Luciano aproveitaram a  manifestação para jogar um carteado
Clederson (de boné) e Luciano aproveitaram a manifestação para jogar um carteado

Clederson Monteiro, embalado por uma música, estava ‘aproveitando’ a manifestação para jogar um carteado com o colega de profissão Luciano Luis dos Santos. Os dois são de Sapiranga, cidade do Vale dos Sinos. De, em torno, dez partidas, ele ganhou todas. Monteiro, que passou o dia parado na RSC-453, espera chegar logo em casa. “Meu filho de 10 anos está me esperando. Ele não entende o que estamos fazendo aqui tanto tempo. Espero chegar logo em casa para poder abraçar meu filho e minha esposa”.

“Meu filho de 10 anos está me esperando. Ele não entende o que estamos fazendo aqui tanto tempo”, Clederson Monteiro – MOTORISTA

Alguns quilômetros mais para ‘frente’, próximo ao trevo que dá acesso a Vila Palanque e Linha

Foto: Alvaro Pegoraro / Folha do MateCamioneiros garantem que um churrasco e roda de amigos ajuda a passar o tempo
Camioneiros garantem que um churrasco e roda de amigos ajuda a passar o tempo

Travessa, estava um grupo de profissionais fazendo um churrasquinho. Não se sabe se estava mais quente o calor do asfalto ou a temperatura do fogo, que enchia uma pequena churrasqueira de beira de estrada. “Além de matar o que nos mata, estamos passando o tempo com bastante conversa e risadas”, garante Neri da Rosa, um dos que estavam sentados em baixo de uma barraquinha improvisada com lona.

Rosa, que é de Venâncio Aires, teve seu caminhão trancado no quilômetro 31 da RSC-287, em Nova Santa Rita. “Eu tinha que vir participar do protesto aqui, então deixei o caminhão lá e vim”. Na segunda-feira, depois de ter o trajeto bloqueado, pegou o primeiro ônibus e partiu para a Capital do Chimarrão. Foi aqui, com os amigos, que preferiu convidar os colegas de profissão para aderirem ao protesto.