Foto: Kethlin Meurer / Folha do MateDesde 3 de janeiro de 2008, lei número 12.884 vigora no Rio Grande Sul e proíbe uso de celulares nas salas de aula
Desde 3 de janeiro de 2008, lei número 12.884 vigora no Rio Grande Sul e proíbe uso de celulares nas salas de aula

Desde janeiro de 2008 vigora no Rio Grande do Sul a lei que proíbe o uso de celulares nos estabelecimentos de ensino do estado. O difícil é deixar de lado esses ‘aparelhinhos’ que, nos últimos anos, viraram um vício de muitas pessoas. Escolas de Venâncio Aires ouvidas pela reportagem cumprem o que exige a lei, mas, em alguns momentos, autorizam o uso do aparelho apenas em atividades diferenciadas para fins de pesquisa e ampliação do conhecimento.

Roselaine Berenice Ferreira da Silva, professora no Curso de Psicologia da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) e coordenadora do Pós-Graduação em Avaliação Psicológica, esclarece que o desempenho do aluno pode ser prejudicado com o uso do aparelho, caso não utilizado de forma correta. Para ela, os educadores devem levar em consideração a maneira como os alunos aprendem. “Cada aluno aprende de maneiras diferentes, alguns preferem o visual, outros o auditivo, ou, ainda, atividades práticas. E não sei se o celular dá conta de todas essas questões”, opina.

Em vez do uso do celular, ela sugere que fossem realizadas mais atividades práticas dentro ou fora das salas de aula: “Isso contribui para que o aluno seja mais ético e solidário. Além disso, com a prática ele aprende ainda mais.”

EXCLUSãO

A profissional traz alguns esclarecimentos sobre como a escola deve proceder quanto ao uso dos aparelhos: “O estabelecimento de ensino tem que ter autonomia e autoridade para definir se o celular é importante em determinados momentos.”

Conforme Roselaine, o objeto apenas torna-se interessante para o aprendizado quando possui internet, porque é ela que possibilita o aluno a fazer diferentes pesquisas. Porém, entra em questão a exclusão: “Nem todos conseguem comprar um celular moderno. Então isso privilegia uns, mas exclui outros. A partir desse raciocínio, privilegiamos a quem?”

Roselaine destaca que o questionamento principal de todos os professores deve estar voltado a quais alunos é direcionada a educação tida como moderna pelo uso de tecnologias. “Educação deve ser universal, independente da cor, raça e classe social”, complementa. Ela ainda acrescenta: “ O celular com acesso à internet pressupõe o uso por crianças de uma classe mais favorecida. Desta forma, elitizamos a educação e não trabalhamos com a inclusão.”

Tecnologias e o seu uso

Para ela, o constante uso das tecnologias em sala de aula retira a oportunidade da criança ou adolescente de explorar o mundo como ele é. “Com o uso excessivo, incluímos o jovem a um mundo irreal, virtual, em que existe uma impessoalidade tamanha, pois a criança se relaciona com um aparelho à sua frente e não com uma outra pessoa que pensa diferente, sente diferente”, esclarece.

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