“Eu vi e senti a agonia das árvores sendo devoradas por um incêndio de difícil controle e de grandes proporções”, lamenta proprietária

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Por volta das 21h30min da noite da sexta-feira, 1º, uma imagem chocou os moradores das redondezas do Morro do Itacolomy. Chamas clareavam o céu em plena escuridão. Os Bombeiros Voluntários de Passo do Sobrado foram acionados, mas ao chegar no local, as dificuldades para acessar as áreas com fogo eram enormes.

Conforme o bombeiro Celso Kroth, que esteve no atendimento ao chamado, o combate às chamas só teve resultados efetivos na tarde do sábado, 2, quando com apoio dos Bombeiros de Santa Cruz do Sul, mangueiras foram interligadas, e possibilitaram aos bombeiros chegarem ao topo, e de lá, jogar água nos locais com mais focos de incêndio.

“O Itacolomy é muito íngreme, e portanto, certos locais são inacessíveis e extremamente perigosos para se chegar. Por isso, com ajuda de bombeiros e moradores, conseguimos controlar a situação”, destacou o bombeiro voluntário. Segundo ele, restos de uma churrasqueira improvisada foram encontrados no local, com sobras de pão e salsichão, “o que deixa claro, que pessoas estiveram no morro, e ao sair, deixaram brasas acesas, o que deve ter iniciado o incêndio”, acredita Celso Kroth.

O casal de proprietários do Recanto do Itacolomy, que fica em anexo ao Morro do Itacolomy, Jerry e Daiane Haas, auxiliaram no combate ao fogo, e lamentaram profundamente o fato de aproximadamente quatro hectares terem sido queimados. “Vi o clarão das chamas ardentes, que rompiam a paisagem da noite e molhavam meus olhos incrédulos. Eu vi e senti a agonia das árvores, sendo devoradas por um incêndio de difícil controle e de grandes proporções. Figueiras, tanheiros, jerivas, canelas, louros, acoita cavalos, entre tantas outras árvores nobres, consumidas pelo fogo, é algo que nunca imaginei presenciar”, lamentou Daiane.

O casal esclarece que o parque do Recanto do Itacolomy está fechado desde o início de março, e que, portanto, ninguém está autorizado a acessar o local. “Se um ou dois grupos de pessoas estiveram no local, foram sem autorização, pois não estamos deixando ninguém passar por nossa propriedade”, afirmou Daiane.

Moradora das imediações, Hellen Haas também publicou nas redes sociais sua tristeza com o fato. “Raiva, nojo, ódio, tristeza, não sei descrever o que estou sentindo no momento, um pouco de tudo. E o pior é que foi por saber que este fato aconteceu por uma irresponsabilidade. O que éramos acostumados a ver todos os dias, lindo pela manhã, hoje vemos nesse estado lamentável, dá um aperto no peito. Já escalei lá várias vezes, com família e amigos, nos sentávamos nas pedras e ficávamos contemplando a paisagem e vista maravilhosa, que se tem lá de cima”, disse Hellen.


“A partir de agora, caminhar pelo Morro do Itacolomy representa grande risco, por conta de quedas de galhos, árvores e pedras.”

DAIANE HAAS
Bióloga e proprietária do Recanto do Itacolomy


INTERDIÇÃO

A Secretaria de Meio Ambiente de Passo do Sobrado, em acordo com os proprietários do Recanto Itacolomy, decidiu por interditar o morro, que é ponto turístico, por tempo indeterminado. Conforme explica Daiane, que é bióloga, a vegetação que mais queimou foi a rasteira, porém, raízes e troncos de árvores médias e grandes foram danificados. “Mesmo que boa parte da vegetação pareça estar verde, com o tempo, certamente irá morrer, pois sofreu com o calor intenso. Isso pode provocar quedas de galhos imensos e árvores inteiras ao longo dos próximos meses, além de pedras, que eram preservadas pelas raízes. Por isso, caminhar pelo local a partir de agora vai representar grande risco”, alerta a bióloga.

    

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