“O diálogo que queremos é: vamos trabalhar juntos para alcançar alternativas economicamente viáveis”. Com essa afirmação, a secretária-executiva da Comissão Nacional para a Implementação da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco (Conicq), Tânia Cavalcante, pontuou como o Brasil quer dialogar com a cadeia produtiva e entidades que apoiam o setor.

Durante a primeira entrevista coletiva aos jornalistas brasileiros que cobrem a Conferência das Partes para o Controle do Tabaco em Genebra, na Suíça, Tânia reafirmou que o Brasil continuará “brigando” pelos artigos 17 e 18 [que tratam de alternativas sustentáveis e econômicas para os produtores] e buscando alternativas que aceleram a implementação, já que estes estão na lista dos artigos que menos avançaram segundo o relatório de Progresso Global apresentado no primeiro dia da COP 8.

Foto: Letícia Wacholz / Folha do MateAo lado do ministro da Missão Permanente do Brasil para as Nações Unidas, Nilo Dytz, no intervalo das reuniões da COP 8, Tânia Cavalcante recebeu grupo de jornalistas brasileiros
Ao lado do ministro da Missão Permanente do Brasil para as Nações Unidas, Nilo Dytz, no intervalo das reuniões da COP 8, Tânia Cavalcante recebeu grupo de jornalistas brasileiros

Para isso, defendeu mais uma vez que os prefeitos das cidades produtoras liderem a busca por soluções para diversificação. Para ela, a alternativa em âmbito nacional é apoiar a criação da Cide do Tabaco, um novo imposto para a indústria. Entretanto, todo o setor produtivo e também a própria Associação dos Municípios Produtores de Tabaco (Amprotabaco) colocam-se contrários à esta proposição que tramita no Congresso. “A Cide ou alguma outra forma de financiamento é necessária para avançar nestes itens. Somos um dos maiores produtores de tabaco do mundo”, frisa.

Ao ser perguntada pela reportagem da Folha do Mate se a única alternativa é cobrar estes valores da indústria, a médica e secretária da Conicq observou que a arrecadação de impostos com a venda de cigarros chega a R$ 13 bilhões por ano, o que abrangeria, segundo ela, somente 23% das perdas que o tabagismo provoca no país. “O tabagismo custa quase 57 bilhões para o Brasil devido às despesas médicas e perda de produtividade. Não é justo que o cidadão pague a conta de um setor que se beneficia, que tanto arrecada”, declara.

Novo encontro – A comitiva de representantes da cadeia produtiva do tabaco e também os prefeitos devem se reunir novamente, nesta quarta-feira, com membros da delegação brasileira na COP 8. A agenda ainda será confirmada pela Missão Permanente do Brasil nas Nações Unidas, localizada em Genebra.

 BRASIL NA TORCIDA

Secretária-executiva da Conicq, Tânia Cavalcante, afirmou que o Brasil apoia a candidatura do Paraguai para sediar a COP. Para ela, esta retomada do país vizinho é importante para que o Brasil também possa retomar seu diálogo sobre o contrabando de cigarros. “Na conta de prejuízos do tabaco, é preciso lembrar a nossa perda de arrecadação com o mercado ilegal. Precisamos debater isso, também.”

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