Mais uma Conferência das Partes da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco chega ao fim com medidas de combate ao tabagismo reforçadas para os próximos dois anos. Neste sábado, 6, os países participantes aprovaram os documentos finais do tratado internacional, bem como, o país-sede para a próxima edição do evento. A Holanda será o anfitrião da COP 9, em outubro de 2020.Também foi escolhido o novo presidente da Conferência. Trata-se de Behzad Valizadeh, da República Islâmica do Irã. Ele é Chefe da Secretaria Nacional de Controle do Tabaco do Ministério da Saúde e da Educação Médica do país do oriente médio.

AVALIAÇÃOApós a plenária de fechamento da COP, a imprensa foi recebida pela chefe do secretariado da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco, a brasileira Vera Costa e Silva. Durante a coletiva, ela destacou diversos pontos que tiveram amplo debate na Conferência, como a interferência da indústria como uma das principais barreiras para o avanço da Convenção, as questões relacionadas às propagandas e publicidade dos produtos de tabaco, com destaque para a mídias sociais que estão sendo usadas pelas gigantes do setor e a transparência dos debates, um dos itens que mais foi debatido ao longo da semana.

Foto: Letícia Wacholz / Folha do MateVera Costa e Silva recebeu a imprensa após plenário de fechamento da COP 8
Vera Costa e Silva recebeu a imprensa após plenária de fechamento da COP 8

Também se discutiu os novos produtos de tabaco, com preocupação ao incentivo e iniciação de jovens no consumo destes dispositivos. Segundo Vera, estes novos produtos também dependem de nicotina e defendeu mais evidências científicas (pesquisas) sobre o assunto. Reforçou que a COP segue aconselhando a proibição ou regulamentação destes novos produtos. “São 181 países que querem uma vida melhor para sua população, com mais saúde e isso só acontece quando as pessoas não usam tabaco”, disse.

“Produtores são a parte mais fraca da balança.”Em entrevista para veículos brasileiros, Vera Costa e Silva falou da atuação brasileira na COP 8 e elogiou a iniciativa de apresentar e defender a cooperação internacional para fortalecer os artigos 17 e 18. “Brasil mostrou aqui que está preocupando com os produtores e buscando alternativas para encaminhar a diversificação”, salientou.

Segundo a chefe do secretariado da Convenção, a atenção aos produtores de tabaco foi discutida e liderada pelo Brasil durante a COP 8. Ela culpou a indústria pela situação dos fumicultores. “Eles são a parte mais fraca da balança. Tem que haver uma alternativa para os plantadores saírem destas plantações e ter uma qualidade de vida melhor. Eles precisam ter um ganha pão que não gere doença, tanta tensão, nem dependência da indústria”, frisou.Ao falar do processo e da relação do produtor com a indústria, criticou o que ela chamou de dependência para produzir. “Eles não têm as próprias sementes, os insumos vêm da indústria, o preço da folha é a indústria que define. O filão fica para a indústria”, dispara.

O Brasil tem preocupação imensa com os plantadores. Foi o Brasil que apresentou projeto de apoio aos plantadores.”

SecretariadoA bandeira do tabagismo seguirá na trajetória de Vera Costa e Silva “até morrer”, como ela mesma mencionou, mas a chefia do secretariado da Convenção-Quadro vai mudar em janeiro de 2019, quando deve ser escolhido o novo líder para os trabalhos do tratado internacional. O cargo tem duração de quatro anos.

As barreirasVera Costa e Silva listou as principais barreiras dos países, na implementação dos artigos da Convenção-Quadro: – interferência da indústria- força  e prioridade política- infraestrutura e recursos para tirar ações do papel