A quebra da safra brasileira de feijão, além de ter contribuído para elevar os preços do carioca no mercado interno nos últimos meses, tem favorecido também o aumento das importações do grão preto, que tradicionalmente vem da Argentina e mais recentemente da China . “Geralmente quando falta produto no mercado interno nos abastecemos de feijão preto na Argentina, mas os preços da China estão em patamares inferiores. Com isso, as compras neste mercado seguem em alta este ano”, afirma, Marcelo Luders, diretor da Correpar Corretora. Entre janeiro e abril deste ano foram importadas 78,2 mil toneladas de feijão preto, 44% das quais vieram da China, segundo levantamento da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep).
Desde 2008, quando houve quebra nas safras do Brasil e da Argentina, a China vem avançando na exportação do grão e hoje se posiciona como o maior exportador de feijão preto do mundo, com vendas anuais superiores a um milhão de toneladas, segundo dados da FAO, órgão das Nações Unidas para agricultura.
Além da necessidade de se abastecer fora do Brasil, uma vez que a oferta local não atende a demanda, as indústrias estão pagando menos pelo feijão trazido de fora. Estimativas apontam que as compras na China custam 20% a menos. Na Argentina, o valor é 15% menor que o do produto brasileiro.
VENâNCIO AIRES
A elevação do preço e a importação do feijão se devem à estiagem, haja vista que no feijão safra, a seca, que na maior parte do Estado foi intensa, afetou de forma drástica os municípios produtores, principalmente os da região Centro-Serra.
Em Venâncio Aires, a situação não foi diferente se comparada com a dos principais municípios produtores. Segundo o chefe do escritório municipal da Emater/RS-Ascar, Vicente Fin, as perdas somam 25% em relação à produção esperada. A cultura aqui no município teve uma perda inferior às demais regiões, pois é plantado para subsistência das famílias rurais e não influencia no mercado local. “O feijão disponível nas prateleiras dos mercados de Venâncio Aires vem praticamente todo ele de fora”, observa Fin. Ele traz dados que apontam que no município foram plantados 250 hectares entre safra e safrinha e a produtividade média foi de 1,8 mil por hectare.
ângela Maria Jacobi Roos, da Feijão Preto Roos, de Linha Travessa, confirma que a estiagem nos principais estados produtores de feijão preto – Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná – é o motivo do aumento que o produto sofrerá nos próximos dias. No entanto, afirma que haverá opções de preços, como o feijão chinês. “Mas optamos em permanecer com a qualidade do feijão gaúcho que fideliza a marca Roos pelo cozimento rápido e excelente caldo”, comenta.