Nos últimos dias a reportagem da Folha do Mate recebeu contatos de leitores que denunciam a suposta falta de leitos no Hospital São Sebastião Mártir. Segundo relatos de familiares de pacientes, com a situação, pessoas ficaram sem quarto e tiveram que ser atendidas no ambulatório, junto ao Pronto Atendimento.
Segundo a Administração da casa de saúde, a questão é sazonal e “ninguém deixou de ser atendido, ao contrário de outros hospitais que muitas vezes preferem nem receber o paciente”, garantiu o administrador Jonas Kunrath. Ele garantiu que não há nenhum surto ou movimentação diferente no hospital e que, no máximo alguns pacientes tiveram que aguardar por algum tempo até serem encaminhados no quarto. Ele observa que também é necessário verificar a urgência da cada internação. Entretanto, ele reconhece que a população vem crescendo e, por outro lado, a estrutura de atendimento do hospital continua a mesma.A preocupação com a estrutura física do HSSM, especialmente, nos próximos anos, traz à tona mais uma das consequências da crise dos hospitais no RS. Além de comprometer serviços, a falta de recursos do Estado adia novos projetos, como o de rever a estrutura e ampliar o número de leitos. Atualmente o Hospital conta com 138 leitos, destes, 101 são de uso exclusivo do Sistema único de Saúde. “Hoje não temos nenhum recurso para ampliar a estrutura, hoje a realidade é outra. Os hospitais do estado estão pedindo socorro. Aqui [em Venâncio], ainda estamos mantendo todos os serviços. Fazemos uma ginástica para manter tudo em dia”, ressalta. Segundo Kunrath, todos os pagamentos para fornecedores e funcionários estão em dia. Por outro lado, o Governo do Estado, além de ter suspenso, desde janeiro do ano passado, o IOSP (um cofinanciamento que ajudava no custeio dos hospitais filantrópicos), está em atraso com três parcelas de incentivos para complementação de serviços de saúde, referentes aos meses de janeiro, fevereiro e março, totalizando R$ 1,2 milhão.
MOBILIZAçãONa quinta-feira, o administrador do HSSM participou de uma mobilização em Defesa das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos, na Assembleia Legislativa, que buscou pressionar o Governo Gaúcho a quitar repasses atrasados. A reunião encerrou com a entrega, na Casa Civil, da “Carta de Socorro” ao secretário Márcio Biolchi. O grupo deu prazo até 1º de maio para que o governo estadual apresente um calendário de pagamento dos valores em atraso desde janeiro, sob pena de o atendimento eletivo ser suspenso. “Lutamos para que seja mantido um calendário regular de pagamentos”, explicou Jonas.Além de cobrarem a regularização dos repasses, os hospitais querem a correção da tabela de procedimentos do SUS, congelada desde 2004 pelo governo federal.