A Continental Tobaccos Alliance (CTA) S/A – Brasil, com matriz em Venâncio Aires, suspendeu temporariamente o beneficiamento de tabaco na unidade instalada em Araranguá, Santa Catarina. A informação é do presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias do Fumo, Alimentação e Afins da Região Sul de Santa Catarina, Vilmar Antônio de Faveri. Ele afirma que nesta semana recebeu o pedido de recisão, por parte da empresa, de seis funcionários efetivos que trabalhavam na indústria. Entre eles estão venâncio-airenses que foram convidados a retornar à Capital do Chimarrão.
De acordo com o sindicalista, a fumageira empregava ainda, em regime temporário (safreiros), aproximadamente 300 pessoas e, por isso, lamentou a notícia. “Essa decisão nos entristece, é algo ruim pra gente pois essa linha de processamento já chegou a funcionar em três turnos”, lembra.
Vilmar adianta que vai manter contato com deputados da região para saber o porquê das fumageiras estarem voltando a centralizar operações no Rio Grande do Sul. “Primeiro foi a Universal Leaf Tabaccos e agora a CTA, precisamos ver o que está havendo.” Devem ser mobilizados os deputados estaduais catarinenses Manoel Motta, Zé Milton e José Nei Ascari. O presidente do sindicato ainda vai levar o assunto para os colegas sindicalistas nos dias 7 e 8, quando participa de reunião, com as entidades associadas à federação, em Santa Cruz do Sul.
Procurada pela reportagem, a direção da empresa afirmou que emitirá nota a respeito ainda hoje. Já o presidente do Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (Sinditabaco) Iro Schünke, informou, através de assessoria, que não irá se manifestar.
MIGRAçãO
O movimento migratório de fumageiras, seja de instalação de linhas de processamento ou de centralização completa de operações, para o estado vizinho iniciou em 2005 com a partida da Universal Leaf Tabacos de Venâncio Aires para Joinville. Na época, os investimentos em solo catarinense foram motivados pelos benefícios fiscais uma vez que a entrada do tabaco, produzido em Santa Catarina, no Rio Grande do Sul possui incidência de 12% de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Desta forma, produzir e exportar em solo catarinense era mais vantajoso.
De acordo com o deputado estadual Heitor José Schuch (PSB), que em 2008 foi o relator da comissão de representação externa sobre créditos de ICMS do setor fumageiro, o impasse continua ainda hoje, entre as duas federações. No entanto, para ele o retorno das fumageiras para a região não se deve tanto a esta questão, e sim, ao fator clima, que não é muito favorável para o armazenamento do tabaco. Schuch ainda aponta como motivador a falta de mão de obra qualificada, pois, segundo o parlamentar, os trabalhadores daquela região de Santa Catarina não se adaptaram à cultura.