Diante da máquina de costura, onde passa a maior parte do tempo, Ângela Rosane Heinen, 56 anos, faz recortes de números e figuras geométricas, pinta a mão os desenhos com lápis de cor, modela retalhos e sempre busca algo novo para despertar a curiosidade das crianças, a qual dedica este trabalho. Sozinha, concentrada no vai e vem da agulha ou na companhia do neto, Gustavo das Chagas, 2 anos, ela trabalha com a criatividade para colocar em prática novas ideias.
Há 10 anos atuando como artesã, a venâncio-airense, moradora do bairro Bela Vista, se redescobriu na profissão depois que começou a elaborar livros sensoriais pedagógicos, também conhecidos como Quiet Book. O material, feito totalmente de forma artesanal, é produzido em velcro com imagens coloridas em alto relevo (sensíveis ao toque), botões decorativos, fitas, figuras geométricas e elementos diferenciados que despertam a imaginação das crianças, dos 7 meses aos 6 anos. “O livro contribui para o desenvolvimento da coordenação motora visual e auditiva”, explica a artesã, formada em Processos Gerenciais.
Por muitos anos, Ângela atuou diretamente na área administrativa, mas sempre gostou de trabalhar com crianças e idosos. As circunstâncias e a falta de oportunidades no mercado de trabalho, despertaram em Ângela o desejo de investir no artesanato. “Durante a pandemia, o Governo do Estado e FGTAS proporcionam cursos on-line gratuitos para microempreendedores e artesãos. Por meio desta iniciativa, vi uma oportunidade de aprender mais e desenvolver novas habilidades. Sempre busco algo diferente para inovar o meu trabalho, por isso estou sempre me reciclando”, avalia.
A dedicação ao trabalho artesanal está presente em cada página que produz. A cada encomenda, a artesã tem a sensibilidade de enviar o livro dentro de uma embalagem com uma lembrança e um guia de instruções de uso e de limpeza do produto. “Sempre gostei de crianças e de brincar. Por isso, quando estou produzindo o material penso em cada detalhe para que o produto atenda as expectativas do meu cliente. É gratificante quando recebo o feedback das pessoas e percebo que com muito carinho, consegui trazer alegria e contribuir no aprendizado de cada criança”, destaca. Segundo ela, os livros menores (de duas páginas) são produzidos em torno de uma semana e meia. Já os mais elaborados (de até seis páginas), são elaborados de 15 a 20 dias. “Vendo por páginas para atingir todas as classes sociais”, afirma a artesã, que durante a pandemia está elaborando um portfólio.
Dedicação à arte
Trabalhar com artesanato já está no DNA da artesã Ângela Rosane Heinen. Ela recorda que começou a fazer tricô e crochê aos 9 anos. “Meu pai fez para mim uma agulha de madeira e eu recortava tiras de sacos plásticos de leite para elaborar tapetes. Primeiro trabalho artesanal que aprendi a fazer”, recorda com emoção. A partir daí, Ângela começou a criar novos objetos e via nos reciclados uma oportunidade de elaborar acessórios de artesanato. A artesã produz bolsas, reciclados de jeans, ovos decorados com trança de papel crepom, clutch (necessaires personalizadas), tricotin (arame forrado com lã), entre outras peças. Mas, ultimamente, a dedicação está voltada aos livros sensoriais pedagógicos, que são produzidos sob encomenda por meio do Facebook AngelArtes ou Instagram, @a.rosane.heinen.
“Os livros sensoriais são um incentivo à leitura, à criatividade e ao aprendizado das crianças. Além disso, são de fácil manuseio e podem ser levados para qualquer lugar.”
ÂNGELA ROSANE HEINEN- Artesã
Feiras de artesanato
As Feiras de Artesanato marcadas para os sábados, dias 5 e 12, estão canceladas em virtude da pandemia. Conforme a Prefeitura de Venâncio Aires, a expectativa é de que haja uma melhora na situação e que o evento possa acontecer no dia 19. Ângela é uma das artesãs que participa das feiras no município.
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