Helen Borges: “O canto é uma forma de expressar sentimentos”

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Conheça Helen Müller Rangel Borges, que há mais de 20 anos participa do Festival A Mais Bela Voz de Venâncio Aires.

A vida dela tem muito do ‘contar’, mas tem muito mais de ‘cantar’ e é disso que mais gosta. Tem as responsabilidades da profissão que envolve números, na Contabilidade, mas também tem melodias, notas e voz, onde a música e o canto são partes especiais. Canto que Helen Müller Rangel Borges, 37 anos, leva consigo desde muito pequena e que, há mais de duas décadas, também apresenta para quem prestigia o Festival A Mais Bela Voz de Venâncio Aires. No evento que chegou à 44ª edição na sexta-feira da semana passada, dia 25, ela garantiu dois troféus: o segundo lugar na categoria Profissional e o de cantora mais popular, escolhida como a favorita do público que esteve no Clube de Leituras.

Helen só nasceu em Bom Retiro do Sul por uma questão de proximidade, já que na época os pais (Adão da Silva Rangel, 61 anos, e Vera Lúcia Rangel, 67), moravam do outro lado do rio Taquari, em Vila Mariante, distrito de Venâncio Aires. Quando ela tinha apenas dois anos, houve a mudança para a área urbana da Capital do Chimarrão, no bairro Centro, onde cresceu. Foi nessa época que teve o primeiro contato com a música, quando um conhecido da família a observou cantarolando em encontros de amigos. “Eu nem falava direito, mas ele fez um teste comigo, para acompanhar o tom da música que ele cantava. E eu consegui. Daí disse que eu teria futuro”, relata, lembrando que uma das canções favoritas na infância era ‘Oração da família’.

Já maiorzinha, sempre acompanhando os pais nos cultos da Igreja Quadrangular, templo evangélico em Mariante, e em outras igrejas, a menina seguiu atenta e interessada nos corais. “Fui criada num lar cristão e tomando gosto pela música gospel. Gostava de observar os ensaios do pessoal.” Na Escola Estadual de Ensino Médio Monte das Tabocas, onde fez toda a educação básica, chegou a cantar em algumas apresentações especiais.

Em registros da Folha do Mate, quando conquistou o 1º lugar no Amador, em 2005 (Foto: Arquivo FM)

Na adolescência, o primeiro festival A Mais Bela Voz

No ano 2000, quando o Festival A Mais Bela Voz ainda era realizado no Colégio Professor José de Oliveira Castilhos (local, aliás, onde ele foi criado, na década de 1970), Helen decidiu se inscrever. Com apenas 13 anos, ela conta que algumas amigas estranharam sua escolha musical. Naquela época, a ‘febre’ entre as adolescentes era os irmãos Sandy e Júnior, mas Helen não teve dúvida. “As gurias diziam pra eu cantar Sandy e Júnior [risos], mas eu disse não. Eu queria cantar o que eu vivia, a minha identidade, que era a música gospel.”

Assim, Helen se apresentou com ‘Pra sempre te adorarei’, um dos primeiros sucessos de Aline Barros, considerada uma das maiores cantoras de música cristã do Brasil. Naquele tempo, no festival, os cantores eram acompanhados, ao vivo, pela banda Nova Estação. Em 2024, aliás, o evento retomou a parceria de músicos, através da Clube Orquestra.

8 – é o número de troféus que Helen coleciona de edições do A Mais Bela Voz, de premiações entre os três primeiros lugares. Também já participou do festival Festicanto, de Mato Leitão, em 2022.

Cantora guarda os troféus que já ganhou no festival em mais de 20 anos de participação (Foto: Débora Kist/Folha do Mate)

‘Primeira essência’ no A Mais Bela Voz 2024

• Em 2024, Helen levou o segundo lugar na categoria Profissional (como em 2023) no A Mais Bela Voz e foi escolhida a cantora mais popular, com votos do público presente no Clube de Leituras. “Fiquei muito feliz e agradeço tantos amigos que me prestigiaram. Isso não tem preço que pague.”

• Seguindo a tradição de cantar gospel nos festivais, novamente a escolha foi por uma música de Aline Barros, sua maior referência: ‘Primeira essência’. “Essa música é mais antiga e ela já estava há algum tempo na minha cabeça. Então quando me inscrevi, foi a primeira opção. Ela fala sobre não perder nossa essência, de não deixarmos de ser quem somos em Deus.”

• Sobre o estilo gospel, que no festival desse ano foi a opção de cerca de 1/3 dos candidatos, Helen diz que não se surpreende, mas sim, a deixa feliz. “Isso me deixa feliz e acho que cada um tem que transmitir o que vive, o que lhe dá realização. E eu sou muito realizada.”

• Helen também compartilhou um momento bonito, entre alguns candidatos da categoria Profissional, instantes antes de se apresentarem. “Muitos estavam nervosos e um pediu para fazer uma oração e a gente se deu as mãos. Foi um momento muito lindo.”

Helen com o marido e os filhos (Foto: Arquivo pessoal)

Na folga dos números, as aulas de canto

Helen trabalha com Contabilidade há mais de 20 anos no escritório do pai e é formada em Ciências Contábeis. Ela vive os números diariamente, mas é no intervalo do almoço que também tira tempo para a paixão da vida toda: a música, dando aulas de canto. “Eu tinha uns 19 anos quando um amigo me pediu ajuda para cantar. E aí comecei. Tem aula todo dia, muitas pessoas me procuram, adultos e crianças.” Por isso, no escritório, sempre há um violão à disposição, instrumento que Helen toca.

Ela também é compositora e parte das músicas autorais foi gravada em CD, num projeto musical em Venâncio chamado ‘Átrios de Louvor’. Na igreja que ela frequenta, a Tribo do Rei, e em casa, a música também está sempre presente. Helen é casada com Louriano Borges, 40 anos (que também toca e canta), e o casal tem dois filhos: Ezequiel, 5 anos, e Israel, 3. “Sempre cantei para eles e as crianças já cantam. No carro, por exemplo, o Israel canta o tempo todo, até cair no sono. E eles são afinados, acho que nasceram com esse dom”, comenta a mãe, orgulhosa.

No intervalo do almoço, no escritório de Contabilidade onde trabalha, Helen dá aulas de canto e tem sempre um violão junto (Foto: Débora Kist/Folha do Mate)

Sobre cura e o avô Marino

Na família, há ainda outros cantores e músicos, como o irmão Davi, 33 anos. Cunhada e sobrinhas também cantam. Outro era o avô paterno, Marino, que faleceu em setembro passado, aos 95 anos. “Quando o vô já estava bem fraquinho, fui ver ele novamente e, do jeitinho dele, cantou comigo. Adorava música e, no velório, muitas pessoas cantaram. Acho que ele ficaria feliz com isso.”

O canto e a música também são emblemáticos para Helen porque remetem a um problema sério de saúde. Em dezembro de 2020, dias depois de dar à luz Israel, ela precisou internar no hospital por causa da Covid-19, que lhe causou uma pneumonia que comprometeu mais de 50% dos pulmões. “Apesar da gravidade, eu precisei pouquíssimo de oxigênio e em dois dias em já estava bem melhor. Comentei com a fisioterapeuta que eu cantava e ela disse que, provavelmente, pelo fato de eu cantar e saber usar meus pulmões, isso acelerou minha cura.”



Débora Kist

Débora Kist

Formada em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) em 2013. Trabalhou como produtora executiva e jornalista na Rádio Terra FM entre 2008 e 2017. Jornalista no jornal Folha do Mate desde 2018 e atualmente também integra a equipe do programa jornalístico Terra em Uma Hora, veiculado de segunda a sexta, das 12h às 13h, na Terra FM.

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