Com informações de Agência Brasil e G1.

Foto: José Cruz / Agência BrasilAo falar da família, o peemedebista se emocionou
Ao falar da família, o peemedebista se emocionou

O presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), renunciou na tarde desta quinta-feira, 7, à presidência da Casa. Ele permanece com o mandato de deputado federal.

“Resolvi ceder ao apelos generalizados dos meus apoiadores. Somente a minha renúncia poderá pôr fim a esta instabilidade sem prazo. A Câmara não suportará infinitamente”, disse, ao ler sua carta de renúncia em entrevista à imprensa no Salão Nobre da Câmara. Ele informou ter encaminhado a carta ao primeiro-vice-presidente da Casa.

De acordo com o peemedebista, seu anúncio foi sob forte pressão. Ele fez revelações, argumentando que tudo está ocorrendo por conta da pressão dos aliados da presidente afastada Dilma Rousseff, do Partido dos Trabalhadores (PT).

Ao ler a carta, Cunha disse que é alvo de perseguição por ter aceito a denúncia que deu início ao processo de Impeachment de Dilma Rousseff. “Sofri e sofro muitas perseguições em função das pautas adotadas. Estou pagando um alto preço por ter dado início ao Impeachment. Não tenho dúvidas, inclusive, de que a principal causa do meu afastamento reside na condução desse processo de Impeachment da presidenta afastada”, disse. 

Ele chegou a chorar durante a leitura da carta de renúncia, alegando que estavam fazendo acusações infundadas contra a sua esposa, a jornalista Cláudia Cruz e também contra sua filha. O choro do parlamentar rapidamente teve grande repercussão nas redes sociais. Ele disse que até na renúncia dá um gesto para que a Câmara continue a trabalhar. 

O peemedebista disse também que sempre falou a verdade. “Comprovarei minha inocência nesses inquéritos. Não recebi qualquer vantagem indevida de quem quer que seja”, disse.

Novas eleiçõesCom a decisão de Cunha de deixar a vaga, a Câmara terá que convocar novas eleições no prazo de até cinco sessões plenárias – deliberativas ou de debates com o mínimo de 51 deputados presentes – para uma espécie de mandato-tampão, ou seja, para um nome que comandará a Casa até fevereiro do próximo ano quando um novo presidente será eleito.

Com a renúncia, pode se encerrar o impasse sobre a permanência de Waldir Maranhão (PP-MA) no comando da Câmara. Maranhão assumiu o cargo desde que Cunha foi afastado da presidência da Câmara pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

InvestigadoEduardo Cunha é réu em duas ações no Supremo Tribunal Federal relacionadas ao esquema de corrupção que atuava na Petrobras e alvo de uma terceira denúncia feita pela Procuradoria Geral da República e que ainda será analisada pelos ministros do tribunal. Em uma das ações, aberta em março, ele é acusado de ter recebido US$ 5 milhões em propina referente a um contrato de um contrato do estaleiro Samsung Heavy Industries com a Petrobras.

Na segunda ação, aceita em junho pelo Supremo, ele responde pelo suposto recebimento e movimentação de propina em contas secretas na Suíça. A propina teria origem na compra, pela Petrobras, de um campo de petróleo em Benin, na áfrica. O negócio teria rendido R$ 5,2 milhões para Eduardo Cunha.

A terceira denúncia diz respeito ao suposto envolvimento de Eduardo Cunha em desvios nas obras do Porto Maravilha no Rio de Janeiro. A acusação se baseia nas delações premiadas dos empresários Ricardo Pernambuco e Ricardo Pernambuco Júnior, da Carioca Engenharia. A defesa contesta todas as acusações e sustenta que “não há indícios minimamente sólidos” das imputações ao deputado afastado.

Na Câmara, Cunha responde a um processo disciplinar no Conselho de ética, que aprovou parecer favorável à cassação do seu mandato, sob a acusação de que teria mentido sobre a existência de contas secretas na Suíça.

Cunha nega e diz ser apenas o beneficiário de fundos geridos por trustes (empresas jurídicas para gerir bens). Com a renúncia, o processo, que está na fase de recurso na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), segue normalmente.