Se fosse para definir Luciano Brito Araújo em uma única palavra, inquietude poderia ser uma boa opção. é essa característica, somada a criatividade e a determinação, que fazem com que esse empreendedor nato, ao longo de seus 33 anos, apostasse em muitas experiências que ajudam a definir a sua história.
Natural de Bagé, Luciano perdeu o pai aos oito meses de vida, e a partir daquele momento, passou a residir com os avós. Assim, cresceu em meio a tecidos e fitas métricas, já que seu avô trabalhava como alfaiate. No mesmo local, o tio possuía uma serigrafia, e foi nestes dois empreendimentos, que aos 12 anos, começou a trabalhar. Dois anos depois, migrou para outra serigrafia da cidade, e o motivo da troca de emprego era simples.
Em casa eu não ganhava salário”, diverte-se.
Com uma trajetória que espanta pelas responsabilidades assumidas desde cedo, Luciano, aos 16 anos, já estava à frente da serigrafia da família, e em paralelo, mantinha uma empresa de tele-mensagens. “Chegamos a passar 400 mensagens em um dia das mães. Eu tinha nove colegas, todos menores de idade, que iam de bicicleta cobrar nos bairros da cidade”, lembra. O trabalho nas empresas era conciliado ainda com os estudos no Ensino Médio, e com um trabalho de garçom, à noite.
Mesmo com tantas atividades, Luciano não estava satisfeito com o ritmo do desenvolvimento da cidade, e por isso, prestes a completar 18 anos, decidiu mudar-se para Porto Alegre. Para colocar o plano em prática, vendeu um fusca, e pegou carona no caminhão de um amigo, que transportava bananas para a região metropolitana. Em Porto Alegre, passou a trabalhar na área gráfica, com passagem por diferentes empresas, e em 2009, empreendeu no segmento de comunicação visual. Sua empresa, a Kether Comunicação, trabalhava na criação e montagem de vitrines de lojas em shoppings centers, no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina.
Foi no ano de 2012, que Luciano recebeu um convite que seria um ‘divisor de águas’ em sua vida. Ainda à frente de sua empresa, passou também a dar aulas no Instituto Calábria, dedicado a assistência de pessoas em vulnerabilidade social, e que entre outras atividades, oferece qualificação profissional a adolescentes. Entre os alunos que possuía no curso de artes gráficas, alguns faziam parte da Fundação de Atendimento Sócio-Educativo (Fase-RS), e muitos desses, foram reintegrados à sociedade.
Esse foi o meu maior troféu. A partir daí, tudo fez sentido”, comenta Luciano, que posteriormente, chegou a assumir a comunicação do instituto, com 42 escolas, em nível nacional.
MUDANçA
Em 2013, a necessidade de conciliar a vida pessoal com a profissional trouxe Luciano a Venâncio Aires. A esposa dele, Diane Lacerda Araújo, passou a atuar como gerente na unidade do Serviço Social do Comércio (Sesc) no município, fator que já vinha ao encontro dos planos do casal de voltar ao interior do estado para, em uma vida mais tranquila, iniciar uma família.
Assim, o empresário e professor deixou para trás sua empresa e o trabalho no instituto, e decidiu recomeçar em Venâncio Aires. No município, Luciano, que é tecnólogo em Direção de Arte, e graduado em Gestão Executiva de Marketing, passou a atuar com um estúdio de criação, a Birô Propaganda, empresa que atende clientes da região, e também de Porto Alegre.Foi em busca de um nicho para ampliar sua atuação na cidade, que o empreendedor descobriu a gastronomia, e assim, em parceria com o irmão e um amigo, criou o projeto Gastromania, um festival gastronômico itinerante, que ocorre periodicamente, e oferece itens gourmet aos visitantes.
E como alguém envolvido com criação e artes gráficas, foi parar na cozinha? A resposta está na infância e adolescência em Bagé, onde Luciano cresceu vendo a avó entre as panelas e o fogão à lenha. Além disso, traz da família paterna, uruguaia, a herança da cozinha castelhana, a qual soma ainda com as experiências que teve em sua cidade natal, quando trabalhou como garçom.
Faço um pudim que todos dizem ser o sabor dos Deuses”, orgulha-se Luciano.
é esse lado gastronômico que está presente no Cafeeiro Culinário, o mais novo empreendimento de Luciano, que tem também a parceria do sócio Alan Dartora. O local, definido como uma cafeteria coworking, mescla ambiente de lazer, com espaço para reuniões e estações de trabalho. Para projetar o local, os sócios visitaram os cafés mais bem ranqueados em São Paulo, e adaptaram o aprendizado ao empreendimento local.
é essa soma de experiências que conta a história de Luciano, e que, apesar de ser vasta, promete não se encerrar por aqui. Com a mesma inquietude que deu início a toda a sua trajetória, ainda em Bagé, Luciano promete criar muito mais. Ao falar sobre a mente imaginativa, explica que já têm projetos para seus empreendimentos para, pelo menos, cinco anos. Para quem deseja seguir pelo caminho do empreendedorismo, especialmente, os jovens, Luciano deixa a sua mensagem:
Não queira a acomodação. Queira mais. Não é somente o financeiro, mas também a satisfação em servir as pessoas”, ensina.