Foto: Alvaro Pegoraro / Folha do Mate
“Gaúcho de apartamento”: emerson trabalha, estuda, cuida da família e da saúde e não esquece de destinar um tempo para as tradições

A data não está explícita em agendas – como o Natal, a Páscoa e o Dia da Mulher, por exemplo -, mas há 22 anos, o 15 de julho é reservado às comemorações do Dia do Homem no Brasil. Foi a Ordem Nacional dos Escritores que propôs, em 1992, um dia alternativo ao 19 de novembro, quando o homem é lembrado em dezenas de países. Inicialmente aprovada para conscientizar sobre a importância dos cuidados com a saúde, a data vem sendo popularizada e, atualmente, já encontra espaço no calendário comercial brasileiro, principalmente. Mas não está em todas agendas.

é finalidade deste dia, também, promover o equilíbrio dos gêneros – já que as mulheres têm no 8 de março a sua data especial -, celebrar conquistas, destacar papéis e consolidar direitos. Contribuições na comunidade, na família, no casamento e na criação dos filhos devem ser lembradas nesta data. O homem também pode, e deve, denunciar eventual discriminação e projetar uma imagem positiva na sociedade. Assim, será possível manter a promoção de modelos masculinos positivos não apenas de estrelas de cinema ou esportes, mas também daqueles homens do dia a dia cujas vidas são honestas e decentes.

Homem moderno

é com exemplos positivos que o funcionário público Emerson Jesus Corrêa de Bitencourt vive seus dias. Aos 31 anos, casado e pai de duas garotas (uma de 12 anos e outra de dois meses, completados justamente hoje), faz parte da população masculina venâncio-airense digna de reconhecimento pela passagem do Dia do Homem. Reúne as características do chamado “homem moderno” e afirma que não faz questão de mudar a sua rotina, por mais exaustiva que ela seja. Durante o dia, é responsável pelo transporte de alunos e pacientes da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) que se deslocam de Vale Verde até a Capital do Chimarrão para atividades pedagógicas ou atendimentos clínicos.

à noite, deixa o volante e assume o papel de acadêmico de Direito. Entre uma e outra atividade, não abre mão de participar ativamente da vida familiar, cuidar da saúde e destinar tempo para cultuar as tradições gaúchas. Isso mesmo. Além de trabalhar como motorista, ser estudante e chefe de família, Bitencourt ainda consegue inserir em sua PROGRAMAÇÃO diária as dedilhadas nas cordas do violão, o instrumento com o qual tem afinidade e que lhe rendeu, no ano passado, convites para participar de 37 invernadas artísticas de 17 diferentes entidades tradicionalistas. Entre as apresentações, destaque para as perfomances durante o Encontro de Arte e Tradição (Enart), no município de Santa Cruz do Sul.

“Me chamam de gaúcho de apartamento”

Extremamente bem-humorado, Emerson de Bitencourt leva sempre na esportiva quando os amigos se dirigem a ele com brincadeiras pela forma como conduz o seu dia a dia. “Me chamam de gaúcho de apartamento, especialmente pelo fato de gostar mais da parte artística e cultural do que da lide e práticas campeiras”, analisa. Ele se considera um gaúcho urbano. “Quando tenho oportunidade para vivenciar atividades campeiras, participo também. Gosto de tudo que está ligado ao tradicionalismo, porém com preferência para os movimentos históricos, artísticos e culturais”, reforça o funcionário público.

Pilcha sempre na “estica”, voz e violão bem afinados e cuidado especial com cabelo e unhas. Para o gaudério Emerson, um pouco de vaidade faz bem para qualquer homem. “Corto o cabelo duas vezes por mês e cuido bastante das unhas. Já cheguei a passar base, mas por último uma boa aparada está de bom tamanho”, revela, aos risos. A personalidade forte é um exemplo e foi capaz de estimular a mulher, Rosana dos Santos de Bitencourt, e a filha mais velha, Emeli. “A minha esposa participa do movimento tradicionalista ativamente, já esteve até em patronagem. Minha filha dança na invernada artística. Espero que a Maria Clara, que faz dois meses no Dia do Homem, também goste”, comenta Bitencourt.