Em meados do mês de abril, foi aprovada na Comissão de Educação, Cultura, Desporto, Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa gaúcha a criação da Subcomissão para tratar da Educação do Campo e Pedagogia da Alternância. A proposta é do deputado Altemir Tortelli (PT).
Estudos teóricos acerca do tema Educação do Campo vem sendo desenvolvidos há muito tempo na defesa da existência de uma escola que prepare os filhos de agricultores a se manterem na terra. “A praticidade dessa teoria, no entanto, apresenta certa morosidade”, afirma a diretora da Escola Estadual de Ensino Fundamental Santa Isabel de Linha Isabel, 5º Distrito de Venâncio Aires, Noemia Ruppenthal.
Segundo ela, a Educação do Campo surgiu a partir de demandas da área rural, do pequeno agricultor. Noemia defende que uma educação diferenciada no campo poderia abrir uma via para a construção de uma certa autonomia para o produtor rural, uma possibilidade de conscientização que leve a uma diversificação de produção na propriedade, a geração de uma renda extra.
Alguns ensaios para se oferecer uma educação diferenciada para filhos de agricultores estão sendo realizados. Uma das práticas que tem mostrado avanços são as chamadas Escolas Família Agrícola em nível de ensino médio. Outra tentativa é a implantação da organização, nas escolas do campo, por Ciclos. A escola Santa Isabel, por exemplo, aderiu à organização por Ciclos como forma de oferecer uma educação diferenciada e proporcionar que os alunos permaneçam por mais tempo em escola. “O que ameaça esta forma de organização tem sido a redução, a cada ano, do número de alunos. Percebe-se uma redução cada vez maior no número de nascimentos na zona rural”, observa a diretora.
Ela destaca que as escolas do campo estão à mercê desses números, pois, como consequência, ocorrem os enxugamentos nos recursos humanos por parte da mantenedora, bem como, considerando recursos financeiros, parece ser mais vantajoso transportar alunos para escolas maiores do que manter abertas escolas menores.
Infelizmente, a educação pública tem estado em constante ´crise de identidade`, uma vez que cada governo apresenta sua proposta”, Noemia Ruppenthal – Professora.
Construção prática
Como diretora e professora de uma escola de Ensino Fundamental Incompleto, localizada em zona rural, Noemia cita que existe uma grande necessidade de estudo e preparo do profissional/educador. Ela observa que grande parte dos professores que atuam em escolas do campo não residem em área rural. Percebe-se um distanciamento entre o que o professor propõe para trabalhar emaula e o que o alunodo campo necessita aprender e desenvolver conhecimentos. Educação do Campo, na opinião de Noemia, não significa descartar o conhecimento construído pela humanidade, a base comum, e sim, a construção, também, envolvendo todos os segmentos da comunidade escolar e entidades afins, de uma parte diversificada que venha a atender as demandas de uma educação diferenciada para os filhos de produtores rurais.
OBJETIVO DO PROJETO
O objetivo é discutir um projeto diferenciado de educação para o meio rural, tratar dos entraves da lei 14.278/2013, que criou a Política de Educação para o Campo, bem como das dificuldades enfrentadas pelas escolas públicas e as de caráter comunitário, como as chamadas Escola Família Agrícola (EFA) e Casas Familiares Rurais, no âmbito da Comissão.