Depois de um período em que chegou a receber entre R$ 15 a R$ 18 pela arroba, o produtor se depara novamente com a baixa remuneração, recebendo entre R$ 8 a R$ 10 pela arroba e, segundo ele, depois de todos os descontos com os impostos, mão de obra dos tarefeiros, transporte, o lucro final não é superior a R$ 5. Esta baixa remuneração faz com que muitos deles novamente erradiquem os seus ervais.
Além da baixa remuneração, o chefe do escritório municipal da Emater/RS-Ascar e engenheiro agrônomo Vicente Fin, observa que outras fatores também influenciam para o destocamento dos ervais, como por exemplos, as culturas concorrentes de grãos como o milho e a soja e o aipim, que proporcionam atualmente uma rentabilidade superior em relação às demais pelo preço que está em alta. No caso da soja, a saca está cotada a mais R$ 60 e, com uma produtividade média de 60 sacos por hectare, o produtor acaba tendo um lucro bem acima do que a erva-mate traz anualmente.
Outras culturas como o milho por exemplo, que está consorciado com a erva-mate, com valores superiores a R$ 42 o saco, também traz uma rentabilidade superior e também não foge a regra o aipim, cujo preço da caixa de 20 quilos variou neste ano entre R$ 27 no início da safra e R$ 17.
“Fiz um juramente que quando o preço da arroba da erva-mate baixaria dos R$ 10, eu arrancaria os meus ervais. Como não tenho um lucro maior que R$ 5 pela arroba, estou cumprindo o que jurei”, afirma o produtor Paulo Valino Schuck, morador de Vila Palanque e que nesta semana, arrancou mais uma área com ervais. Dois oito hectares que havia plantado, já erradicou cinco e afirma que arrancará o restante no próximo ano. Na mesma área, investirá neste ano no milho safra e no próximo ano, ainda plantará aipim. “Coragem a gente praticamente não tem para fazer o destocamento. Só que a gente se obriga porque o rendimento hoje não paga o custo de produção.”
O presidente do Sindicato das Indústrias do Mate do Rio Grande do Sul (Sindimate/RS) e empresário Gilberto Heck, o mercado está inflexível com a questão do preço e que está ocorrendo um aumento considerável de pequenas e micro indústrias de beneficiamento e envase de erva-mate, o que joga o preço da matéria-prima muito para baixo. Além disso, continua Heck, o preço para o consumidor na gôndola do supermercado baixou muito, e, consequentemente, sobra matéria-prima, o que influi diretamente na redução do preço pago ao produtor.