Quem passou em frente à Câmara de Vereadores de Venâncio Aires ontem à noite, encontrou as portas abertas. De máscaras cirúrgicas, cerca de 70 manifestantes do Movimento Despertamos acompanharam a sessão legislativa que estava programada para ser fechada ao público, como medida preventiva à gripe A.

Os manifestantes, antes de entrarem no plenário, permaneceram por cerca de 40 minutos do lado de fora do prédio, onde dialogaram entre si e afirmaram que as demandas cobradas são de todos e não de um único líder. Antecipando o silêncio exigido em Regimento Interno para assistir à sessão legislativa, os manifestantes gritaram por mudanças, ainda do lado de fora do prédio, localizado na rua Júlio de Castilhos. A principal reivindicação é pela diminuição, em 20% dos salários de prefeito, vice e vereadores. “Agora é pelos 20%”, dizia um dos cartazes.

Na semana passada, o presidente da Câmara de Vereadores Telmo Kist, anunciou que durante 30 dias, os eventos no plenário Vicente Schuck seriam suspensos. A medida entraria em vigor por decreto legislativo assinado pela Mesa Diretora. Apesar do anúncio prévio, o documento teria que entrar em votação, ainda na noite de ontem. Entretanto, somente durante a sessão, desta segunda-feira, é que o presidente anunciou o parecer da Comissão de Saúde em que diz ser desnecessária a suspensão das reuniões e eventos da Câmara.

A comissão parlamentar, formada por três vereadores, que são médicos, Jarbas da Rosa, Vilson Gauer e Hélio Artus – os três de bancada governista – entendeu que não há justificativa para deixar fechada a Casa, pois o ápice da epidemia teria acontecido há cerca de 10 dias e, por conta disso, as medidas de controle seriam suficientes. Com o pedido de decreto retirado, a Câmara volta a ceder espaço para eventos e tribunas livres.

QUEREM DIáLOGO

“Viemos para mostrar que o movimento tem corpo e questionar o fechamento da Câmara”, disse um dos representantes do movimento, Vítor Kretschmer, 22 anos. Segundo ele, faltaram argumentos na hora de anunciar o fechamento das sessões. “Têm vários eventos acontecendo, por que só a Câmara? Por coincidência, hoje abriram e por que não avisaram?” Na semana passada, 1º de julho, os manifestantes ‘pararamÂ’ a sessão plenária, quando um representante acabou ocupando a tribuna livre para falar em nome do grupo.

Segundo Kretschmer, o grupo busca diálogo com o Executivo e Legislativo. “Queremos conversar com os representantes e dizer que não somos apenas jovens, mas pais, filhos, idosos”, disse. O Despertamos anuncia que terá novas mobilizações, mas ainda não há datas e locais definidos. Durante a sessão, embora tivessem ficado em silêncio, o grupo se manifestou também através de gestos. Durante a fala do vereador Eduardo Kappel (PP), os manifestantes se levantaram e ficaram de costas para os vereadores. A atitude foi uma resposta à crítica do progressista ao movimento, no período de comunicações, na semana passada.

Ao se retirarem os protestantes acabaram se manifestando com palavras, afirmando que o movimento não é formado por uma única pessoa, atitude obrigou o presidente a pedir ordem para continuar a sessão. A Brigada Militar interviu e conduziu o grupo até a rua. Até o fechamento desta edição, os manifestantes permaneciam em frente ao Legislativo na presença de Policiais Militares, que vieram como forma de reforço à segurança.

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