Foto: Ana Carolina Becker / Folha do MateEm uma caixa, Rosaria guarda todas as fichas de obras que não foram devolvidos
Em uma caixa, Rosaria guarda todas as fichas de obras que não foram devolvidos

Ao entrar na Biblioteca Pública Municipal Caá Yari é impossível não deixar-se envolver pela quantidade de obras expostas nas mais de dez prateleiras. São livros para todas as faixas etárias dos mais diferentes gêneros. Isso que vou contar agora, poderia ser somente mais uma história dramática da literatura, mas não é. Afinal, é inevitável não perceber os espaços sobrando entre uma prateleira e outra dentro da biblioteca. Tudo isso porque, somente em 2017, aproximadamente 300 livros deixaram de ser devolvidos por leitores sócios. Número que quase triplicou em relação a 2015, quando eram apenas 118 obras sem serem devolvidas.

Caso você tenha esquecido o livro ao lado da cama, dentro da mochila, na casa da avó ou qualquer lugar que seja, você ainda tem tempo de devolver, pois está sendo promovida a ‘Semana do Perdão’ até a sexta-feira, 29. Diferente de anos anteriores, não está sendo exigida a doação de nada na entrega das obras, mas apenas que ela seja devolvida a seu ‘habitat natural’.

Entre as obras retiradas, estão livros que possuem lista de espera de leitores, outros, onde as fichas estão apenas com quatro campos de retirada preenchidos. Questões como essa, exigem da bibliotecária Rosaria Costa, um trabalho ainda maior. Enquanto os jovens da ‘era digital’ pensam, cada vez mais, que possuem o direito maior que o outro, é dela a missão de tentar contato com o sócio de diferentes formas, seja por telefone ou carta. “Tentamos muitas vezes, mas as pessoas mudam de endereço”, lamenta.

A não devolução das obras acarreta em diversos prejuízos para a entidade que já precisou deixar de comprar livros novos, para repor trilogias que estavam desfalcadas.

CaixinhaSe fossem apenas os livros não devolvidos neste ano, mas não funciona dessa forma. Em uma caixa grande, a bibliotecária Rosaria aguarda mais de mil fichas de obras que não voltaram para a Biblioteca desde o seu controle em 2005.

Contraste Enquanto muitas pessoas deixam de devolver obras à Biblioteca, muitas destinam seus livros já lidos para o espaço venâncio-airense. Fato que em parte é motivo de comemoração para a bibliotecária que, atualmente, lida com a falta de mão de obra para conseguir atender a todas as exigências do espaço que conta com duas funcionárias de oito horas (uma delas a bibliotecária) e uma estagiária de seis horas. “Seria necessário pelo menos quatro profissionais de oito horas”, supõe.

Para muitas pessoas, pode parecer simples, mas independe se for doação ou livro novo, é necessário que Rosaria verifique o estado das obras e se a biblioteca já possui algum desses exemplares. Caso já possua, eles são deixados na prateleira em uma sala ‘especial’ para essas doações e compras. Em algumas situações, são repassados à Biblioteca do Sesi, do Caps ou para a caixa de ‘doação’ em frente ao prédio na rua Osvaldo Aranha com a Reinaldo Schmaedecke.

Se ainda não possuir, eles são colocados na pilha para passarem por um processo que exige a conferência das páginas, catalogação, classificação, colocação das fichas e encapamento.

Livros não devolvidosConfira a lista de algumas obras que não foram devolvidas em 2017-Depois de Você de Jojo Moyes-Tá gravando. E agora? De Kéfera Buchmann-Lealdade Mortal de Nora Roberts -João e Maria de Neil Gaiman-Diário de Larissa Manoela de Larissa Manoela -O filho eterno de Cristovão Tezza