A discussão acerca dos salários de prefeito, vice-prefeito, secretários municipais e vereadores voltou a ganhar destaque na sessão do Legislativo da última segunda-feira, 11. E a sinalização é de que o Projeto de Resolução, que será apresentado pela Mesa Diretora nos próximos dias, vai sugerir a redução de 20% nos vencimentos dos cargos do Executivo, além da manutenção dos subsídios dos parlamentares.

Quem ‘vazou’ o indicativo foi Eduardo Kappel (PP), o segundo vereador a ocupar a tribuna durante o período de comunicações. Ao comentar que ele e os colegas Jarbas da Rosa (PDT) e Helena da Rosa (PMDB) seriam “voto vencido” em relação ao tema – os três já declararam publicamente que são favoráveis à redução de 20% dos salários tanto na Prefeitura quanto na Câmara -, convocou os eleitores para que pressionem os demais vereadores no sentido de que apoiem a redução em 20% dos subsídios.

Enquanto falava sobre a questão dos salários, Kappel cedeu aparte para José Cândido Faleiro Neto (PT), que partiu para o ataque contra o progressista, a quem chamou de “oportunista” pela forma como tratava a situação. Cândido também afirmou que Kappel seria “imprestável” para a Câmara, pois, segundo ele, é de conhecimento geral que o vereador do PP sequer apresenta projetos de lei no Legislativo.

Ao retomar a palavra, Kappel rebateu dizendo que Cândido foi o presidente da Câmara que mais pegou diárias e que, em 2015, “levou 10 vereadores para passear em Brasília”. De acordo com ele, o petista seria “um exemplo de corrupção” por conta da utilização de diárias. “é o Guiness Book das diárias, pegou mais do que todo mundo nesta Casa”. Antes de encerrar sua participação, falou ainda que Cândido só se elegeu vereador porque estava à frente da Secretaria de Obras antes das eleições.

MAIS FARPAS – Cândido foi à tribuna justamente na sequência de Kappel e, embora não tenha citado o nome do vereador do PP, ficou evidente que as suas declarações tinham o colega como alvo. “Não tenho nenhuma condenação, nenhum crime que me desabone. Por outro lado, tem vereador que já perdeu 30 dias aqui na Casa por conta de alguns problemas. E quando eu fui presidente, paguei vereador com cheque, porque se caísse o dinheiro no banco, era confiscado. As pessoas conhecem muito bem”, disparou.

 

Vereadores reagem e geram mais polêmica

Após o bate-boca entre Eduardo Kappel e José Cândido Faleiro Neto, outros vereadores resolveram se manifestar a respeito dos salários dos políticos. A primeira foi Cleiva Heck (PDT), que afirmou ainda não ter se posicionado oficialmente a respeito do assunto e que o fará quando o Projeto de Resolução da Mesa Diretora for a plenário. “Em nenhum momento me manifestei e ninguém pode falar por mim. No momento oportuno, quando o projeto for apresentado, vou me manifestar”, disse a pedetista.

Rudemar Glier (PMDB) argumentou que a Câmara já contribui com o Município gastando apenas R$ 4 milhões dos R$ 14 milhões que tem à disposição, e que não seria justo reduzir os vencimentos dos vereadores. “Se baixar salário, vamos gastar o que temos direito, e se fizermos isso, a Prefeitura para, porque é com o que sobra aqui que está funcionando”, afirmou. O peemedebista mandou ainda um recado para Kappel: “Quem está falando mal que doe 20% do seu próprio salário, já que não faz nada mesmo”.

PROJETO – último a utilizar o período de comunicações, o presidente da Câmara, José Ademar Melchior, o Zecão (PMDB), declarou que o projeto que vai tratar dos salários dos políticos “ainda nem saiu do papel” e que a Mesa Diretora tem até 60 dias antes da eleição para aprová-lo. “O que houve hoje foi uma discussão sobre o assunto (na reunião que antecede a sessão do Legislativo, da qual a imprensa não participa) e já aproveitam para usar isso como palanque. Na hora certa, o projeto irá a votação”, argumentou.

O presidente antecipou que é a favor da redução dos salários do prefeito, vice-prefeito e secretários e sugeriu que, quem acha que o subsídio do vereador é muito elevado, pode doar um percentual para entidades assistenciais. “Não concordo que o prefeito de Venâncio Aires ganhe mais que o governador do Estado e também acho que devemos reduzir a disparidade dos salários do vereador e dos secretários. Em relação aos pronunciamentos, é muito fácil criticar quando se sabe que outros vão aprovar de uma determinada maneira. Se acha que é demais, desafio a doar R$ 1,2 mil todos os meses”, alfinetou.