A economista da Univates e doutoranda em Desenvolvimento Regional, Cíntia Agostini, ressalta que para desenvolver e inovar no meio rural é fundamental ficar atento às características da própria região, para que esta também cresça. “Uma coisa é inovar e empreender em grandes propriedades. é diferente se pensarmos nas nossas propriedades que são áreas menores, que têm uma região geográfica diferenciada e vêm de uma história de mão de obra familiar”, explica.
Quanto à produtividade, Cíntia ressalta que se não for trabalhada diante da perspectiva da inovação e do empreendedorismo, não irá vingar. Para alguém ser mais produtivo, é preciso apostar em propostas inovadoras: “Se eu não for produtivo, eu não vou conseguir manter essa e nem as próximas gerações”.
Segundo a profissional, o que se deve levar em conta quando se pensa no empreendedorismo e inovação é o êxodo. Contudo, não apenas o rural, mas também o êxodo dos pequenos municípios com características rurais. “São os nossos municípios que, apesar de terem uma área urbana, também têm aspectos rurais. Para evitar o êxodo e a fuga é preciso pensar, como consequência, em aspectos inovadores para uma região”, sugere.
Necessidade de inovarO empreendedorismo e a associação é algo que está muito atrelado, de acordo com Cíntia. Processos inovadores, por exemplo, fazem as pessoas saírem das mesmas condições que sempre viviam. No entanto, Cíntia reconhece que existem desafios quando se tenta inovar, bem como, ainda há dificuldades de se analisar sobre o que é ‘fazer diferente’. “Não podemos pensar em inovação apenas nas cadeias produtivas que nós já temos consolidadas. é preciso pensar em processos novos, em cadeias inovadoras e que contemplem diferentes alternativas, técnicas, máquinas”, comenta.
Cíntia destaca que o empreendedorismo no meio rural está atrelado à inovação, pois não adianta alguém fazer um ótimo produto ou utilizar uma técnica que aumenta a produtividade, inove e ganhe qualidade, se a pessoa não consegue dar conta de uma boa gestão para este empreendimento.
Ela explica que as dificuldades encontradas para empreender e inovar se referem a motivos socioculturais. Na região, segundo ela, existe uma cultura muito forte do trabalho. Devido a isso, é preciso avançar da cultura do trabalho para a empreendedora e inovadora: “Nós baixamos a cabeça e trabalhamos. Temos que dar conta de avançar e isso sim é uma perspectiva de formação sociocultural”.
Para ela, é fundamental se pensar em projetos diferentes, mas que se adequem às características de propriedade, produção e de mercado regional.
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