Como estaremos na velhice? E quem já completou os 60, como está estruturado hoje? Velhice: este é um tema que não se restringe aos cabelos brancos, às rugas e às limitações físicas que chegam com a idade, até porque, o perfil dos idosos mudou e eles não podem ser vistos apenas como aqueles velhinhos de bengala. Há muitos sessentões em plena atividade, inclusive trabalhando.
A velhice, ou seria, a longevidade da população demandará mais atenção das famílias e dos gestores públicos, a partir dos dados divulgados nesta semana pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). Parece óbvio, mas estamos envelhecendo. Envelhecendo em grande número, a ponto de, em pouco tempo, existirem mais idosos do que crianças.
Hoje, já vivemos no estado brasileiro com a média mais velha de pessoas e, em um espaço de quatro décadas teremos uma inversão que nos desafia: 35% da população terá mais de 60 anos, hoje este percentual é 17,62%.
Paralelo a esse dado, outro dado do IBGE, desta vez, do Censo Agropecuário divulgado nesta semana, mostra que o interior também está envelhecendo. Nossas centenas de áreas agrícolas estão, em grande parte, sem jovens para garantir a sucessão, outra ‘velha’ discussão. Já evoluímos, é verdade, mas há muito o que ser feito. Não é só uma questão de amparar o jovem e convencê-lo a ficar, mas também de garantir alimento para as próximas gerações.
Esta situação mostra que a pauta do envelhecimento e seus impactos na sociedade são temas urgentes. Para cidade e para o campo. Mais do que isso, como promover um envelhecimento que seja, também, saudável e ativo?
Quando falamos em envelhecimento, estamos falando de um tema que envolve todas as faixas etárias: os velhos de hoje, os velhos de amanhã.
Repensar o conceito de idoso também é uma proposta de especialistas e pesquisadores. Sabemos que o perfil do idoso vem se reinventando. Você provavelmente concorde que definir um idoso como uma pessoa acima de 60 anos já está ‘velho’ demais. Não são os 60 anos que definem se a pessoa pode trabalhar, caminhar, andar de bicicleta, ou necessita de uma fila prioritária. Antes de tudo, são as condições que a pessoa tem e como ela chegou na chamada terceira idade. Precisamos envelhecer bem.Preparar a caminhada até a velhice é fundamental, especialmente quando se fala em saúde e vida financeira. Tão ‘velha’ quanto a nossa população é a pauta da previdência social que também precisa se ‘reajustar’ a esse novo perfil. É triste pensar que hoje a maioria dos aposentados vive, apenas, com um salário mínimo.
Precisamos evoluir, adquirir experiência nesse tema e projetar novas políticas voltadas para essa camada da população. Já temos o Estatuto do Idoso, instituído em 2003, mas a velocidade do envelhecimento atropela a eficácia e a implementação das medidas.Venâncio Aires, neste contexto, também tem tema de casa. Apesar das diversas atividades oferecidas, com destaque para os 25 grupos da terceira idade constituídos no município, precisamos nos preparar para uma cidade com mais idosos do que crianças e fazer valer que essa fase realmente é a ‘melhor idade’ para se viver. Não temos números atualizados por município, mas precisamos nos preparar para essa mudança em vários setores, desde a oferta de serviços em saúde, educação, lazer até o preparo das empresas e instituições para a redução do número de jovens na chamada força produtiva ativa.
Sabemos que vamos envelhecer. Nós vamos, nossos filhos e pais irão. Envelhecer com qualidade é um desafio para as cidades e para cada família. Precisamos estar preparados, pois como ‘canta’ Arnaldo Antunes, “a coisa mais moderna que existe nessa vida é envelhecer”.