Com informações de Agência Brasil.

Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasilm

O plenário da Câmara dos Deputados aprovou ontem por 450 a favor, dez contra e nove abstenções a cassação do mandato do deputado afastado Eduardo Cunha. A medida põe fim a um dos mais longos processos a tramitar no Conselho de ética da Câmara dos Deputados, que se arrastava por 11 meses e interrompe o mandato de um dos políticos mais controvertidos dos últimos anos. Com o resultado, Cunha perde o mandato de deputado e fica inelegível por oito anos, mais o tempo que lhe resta da atual legislatura.

Nove deputados votaram pela abstenção. Na bancada gaúcha, o único deputado ausente foi Sérgio Moraes (PTB).

Em discurso antes da votação, Cunha fez a defesa de seu mandato e atacou o Partido dos Trabalhadores (PT). Segundo o parlamentar, o processo contra ele foi fruto de uma “vingança”.

“Estou pagando o preço de ter o mandato cassado por ter dado continuidade ao processo de impeachment. é o preço que estou pagando para o Brasil ficar livre do PT (…) O processo de impeachment que está gerando tudo isso. Eles querem um troféu para dizer que é golpe”, afirmou.

Na fala, que durou cerca de 30 minutos, Cunha fez ainda um histórico de sua atuação parlamentar. Aos colegas, pediu para ser julgado “com isenção”.

“Se o plenário chegar à conclusão que vai acabar com a minha carreira política, o que vai causar com a minha família, não tem problema. A decisão é soberana de vocês. Eu peço a vocês que tenham a isenção sobre aquilo que estou sendo acusado e condenado. Não me julguem por aquilo que está sendo colocado na opinião pública ou pelo que ouviram dizer”.

Trajetória

Eleito para a presidência da Câmara dos Deputados em fevereiro de 2015 por 267 votos, derrotando em primeiro turno o candidato do governo Dilma, Arlindo Chinaglia (PT-SP) que obteve 136 votos, Cunha teve a sua trajetória marcada pelo aparecimento de que atuava como lobista no esquema de corrupção envolvendo a Petrobras e também duro embate que promoveu contra o governo da ex-presidenta Dilma Rousseff.

Com uma campanha montada em cima da insatisfação da base aliada do governo, Cunha, após a sua eleição, começou um processo de distanciamento e enfrentamento com o governo. A tensão crescente resultou, em julho, daquele ano no anúncio do seu rompimento com o governo Dilma Rousseff. Na ocasião Cunha disse que passaria a integrar as fileiras da oposição. Ele também começou a trabalhar para que o PMDB tomasse a mesma postura.