Laura Ferreira foi premiada pela produção autoral 'É sobre isso' (Foto: Reprodução)
Laura Ferreira foi premiada pela produção autoral 'É sobre isso' (Foto: Reprodução)

A primeira edição do prêmio Deméter de atuação em vídeo surpreendeu participantes, comissão avaliadora e o professor Marcio Rodrigues, idealizador da proposta. O prêmio de teatro voltado a estudantes de Ensino Médio teve a participação de 11 alunos – cinco de Venâncio Aires e seis de Passo do Sobrado. As inscrições para a segunda edição começam na terça-feira, 27, e seguem até 13 de agosto. Dois trabalhos serão premiados com R$ 300.

“Foi uma grata surpresa a primeira edição, pelas participações e a qualidade dos trabalhos. Com a expressiva participação de Passo do Sobrado, nesta segunda edição, haverá um prêmio específico para estudantes de Passo do Sobrado e outro para Venâncio e Mato Leitão”, explica Rodrigues, ao ressaltar que o convite se estende aos estudantes do interior.

No vídeo, deve ser apresentado um texto autoral ou de livros, filmes, quadrinhos, séries ou poemas.

As produções devem ter de 30 segundos a três minutos. Informações sobre o concurso podem ser obtidas nas páginas do prêmio Deméter no Instagram e Facebook.

Vencedores

Estudantes do 2º ano do Ensino Médio do Instituto Federal Sul-rio-grandense (IFSul), Laura Ferreira e Gabriel Schwendler Soares conquistaram a primeira edição do prêmio. Os venâncio-airenses se destacaram pela atuação, texto autoral e visualidade.

Por meio da produção, Laura transformou em arte emoções e anseios vividos pelas pessoas. Para ela, que teve contato com produções de teatro apenas no ano passado, na escola, a primeira colocação no prêmio surpreendeu. “Fiquei em choque, minha mãe também estava acompanhando e ficou muito feliz”, comemora a estudante, que reside no bairro Leopoldina.

Gabriel Schwendler Soares venceu com a interpretação em vídeo de ‘Punição celestial’ (Foto: Reprodução)

Da mesma forma, Gabriel tinha pouca experiência com teatro, mas se interessa pela arte cênica desde um trabalho de aula no 9º do Ensino Fundamental, quando fez uma interpretação em inglês. “Gosto bastante disso e já tinha feito alguns vídeos só para mim, mas não imaginava que pudesse ganhar o prêmio”, compartilha ele, que mora no bairro Gressler. “Às vezes, a gente imagina que está pensando muito grande em arriscar, mas na verdade é possível, temos condições. O prêmio foi importante para mostrar que as coisas não estão tão longe”, considera.

Fomento à arte e incentivo a novos talentos

Integrantes da comissão avaliadora do prêmio, as professoras de teatro Fernanda Saldanha e Rafaela Wenzel ressaltam a importância da iniciativa e a qualidade dos trabalhos. “Fiquei encantada com os vídeos. É possível observar poéticas pessoais singulares em cada apresentação. Foi visível o cuidado com a escolha dos textos, o quanto esses textos parecem representar cada um e cada uma”, afirma Fernanda.

Ela destaca, também, o cuidado com a montagem das cenas, cenário, iluminação, sonoplastia, caracterização de personagens e a própria exploração do vídeo e seus recursos de fotografia. “É muito difícil avaliar uma obra artística. Na escola, desenvolvo uma avaliação processual, acompanho cada avanço dos estudantes, mas neste caso, de um prêmio, a avaliação é do resultado, então é preciso observar atentamente cada trabalho e, de maneira coletiva, dialogar sobre cada um. Foi assim que realizamos a avaliação dos vídeos inscritos. É emocionante o envolvimento de todas e todos”, salienta Fernanda.

Para o idealizador da proposta, Marcio Rodrigues, assim como ocorre nos festivais de teatro em outras cidades, o prêmio Deméter vai estimulando a vontade de criar entre moradores de Venâncio Aires e municípios vizinhos. De acordo com ele, já é possível ver que o propósito de fomentar o teatro na região tem sido alcançado. “Aos poucos, vemos que isso vai começando a crescer. Exatamente como Deméter, uma sementinha plantada que está começando a germinar”, comenta, ao se referir à deusa grega da colheita e da fertilidade, que dá nome ao prêmio.

Além disso, a professora Rafaela Wenzel observa que trata-se de uma iniciativa excelente para abrir os olhares e investir mais nestes potenciais artísticos e culturais que podem representar um mercado de trabalho. “Considerando que possuímos no Rio Grande do Sul e inclusive na região cursos e incentivos ao cinema e audiovisual, essa área tem carecido de pessoas qualificadas para atuar, sem falar na linguagem midiatizada que estamos vivendo plenamente após a pandemia. Penso que há o que pensar para com estes setores artístico-culturais e fiquei muito emocionada ao poder avaliar este prêmio”, comenta.

“Eventos como este são propulsores do aparecimento de novos trabalhos na área da interpretação. Vi um potencial muito bom nestes participantes e com características bem diferentes entre eles. Isso tende a mostrar que a região tem potência para talentos que podem e devem ser incentivados e produzidos a partir de iniciativas públicas e privadas.”

RAFAELA WENZEL – Professora de teatro e avaliadora do prêmio

Juliana Bencke

Editora de Cadernos

Responsável por coordenar as publicações especiais, considera o jornalismo uma ferramenta de desenvolvimento da comunidade.

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