Diante de uma plateia formada por 81 senadores, quatro presidentes e ex-presidentes de partidos, 18 ex-ministros e pelo ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, a presidente afastada Dilma Rousseff apresentou nesta segunda-feira, 29, ao plenário do Senado sua defesa no processo de impeachment.
Afastada do mandato há 110 dias, Dilma passou o último fim de semana no Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência, preparando o discurso que leu, por cerca de 45 minutos, aos senadores. “Um golpe que, se consumado, resultará na eleição indireta de um governo usurpador. A eleição indireta de um governo, que, já na sua interinidade, não tem mulheres comandando seus ministérios, quando um povo nas urnas escolheu uma mulher para comandar o país”, afirmou.
Após seu pronunciamento, Dilma passou a responder questionamentos dos senadores. Em suas respostas, Dilma se esforçou para desmontar a tese da acusação de que ela tenha praticado uma forma de “estelionato eleitoral” em 2014, quando teria ocultado a verdadeira situação das contas públicas durante a campanha eleitoral para ganhar votos.
A presidente apresentou gráficos e dados que demonstram que a crise econômica mundial se deteriorou a partir de outubro de 2014, piorando ainda mais em janeiro de 2015. Segundo ela, o preço do petróleo caiu e o dólar subiu em relação a todas as moedas do mundo, o que provocou impacto também sobre o real.Ainda de acordo com a presidente, não era possível ao governo prever esse agravamento. “Eu não menti no processo eleitoral”, garantiu Dilma ao senador Magno Malta (PR-ES). “Ninguém sabia que teríamos uma queda de mais de US$40 [no barril de petróleo] nesse processo iniciado em outubro, durante a eleição, mas que fica intenso no início de 2015. Nós não controlamos, nem nós nem ninguém controla, a política do Banco Central americano, nem do governo americano”, completou.
Dilma também voltou a responsabilizar o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), pelo processo que está sofrendo. Ao ouvir do líder do PSDB, senador Cássio Cunha Lima (PB) que o processo nasceu nas ruas e não na Câmara a presidenta retrucou. Durante todo o depoimento, a presidente exemplificou situações em que seu governo teria sido sabotado na Câmara. Segundo ela, as chamadas pautas-bombas e a falta de funcionamento das comissões permanentes da Casa foram formas utilizadas para prejudicar o funcionamento do governo e propiciar o processo de impeachment.
Os questionamentos devem encerrar por volta das 23h desta segunda-feira, 29. Após o pronunciamento de Dilma, os 81 parlamentares terão direito a dez minutos cada para expressar sua posição sobre o impeachment.
Assim, ao longo do dia desta terça-feira, 30, deve ocorrer a votação final, que poderá resultar na cassação do mandato de Dilma.
 
											 
			
		 
			
		 
			
		 
			
		 
			
		