Em vigor os direitos das empregadas domésticas

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A presidente Dilma Rousseff assinou, na última semana, o texto que regulamenta a emenda constitucional sobre direitos de empregadas domésticas, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) das domésticas. O texto, publicado no Diário Oficial da União, começa a vigorar mais de dois anos após a publicação da PEC e tem as regras de sete dos novos direitos.

Entre os regulamentados estão: adicional noturno; obrigatoriedade do recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) por parte do empregador; seguro-desemprego; salário-família; auxílio creche e pré-escola; seguro contra acidentes de trabalho; e indenização em caso de despedida sem justa causa.

O governo tem agora cerca de 120 dias para regulamentar o chamado Simples Doméstico, um sistema que vai unificar os pagamentos, pelos empregadores, dos novos benefícios devidos aos domésticos. A exigência desses pagamentos, de acordo com a nova lei, entra em vigor após esses quatro meses. Desde 2013, nove direitos já estavam valendo, como hora extra e jornada de trabalho de 8 horas diárias.

Cumprimento de normas

Foto: Daniel Heck / Folha do MateMaria, ao lado da empregada Andréia, salienta que sempre assinou, desde 1972, as carteiras de trabalho de todas as suas empregadas
Maria, ao lado da empregada Andréia, salienta que sempre assinou, desde 1972, as carteiras de trabalho de todas as suas empregadas

A regulamentação dos direitos das domésticas exige que muitos patrões e patroas precisem se adequar à lei. Para quem já oferecia antes disso uma série de direitos às trabalhadoras, a situação não muda muito. é o caso de Maria Elisabeth Diettrich, professora aposentada, 68 anos, a qual já teve quatro empregadas. “Desde 1972, assino a carteira de trabalho das empregadas que eu tive e eu sempre cumpri normas que na época nem existiam, como assinar carteira e 13º, além de oferecer férias”, observa.

Atualmente, quem trabalha para Maria Elisabeth há um ano e seis meses é Andréia Aparecida Drunn, 35 anos, a qual exerce a profissão durante oito horas diárias. Segundo a aposentada, ela continuará a proceder da mesma forma, por sua vez, apenas precisa se adequar ao FGTS e ao seguro-desemprego. Ainda acrescenta: “Até o momento não faço o controle do ponto, mas vou fazer.”

AuxílioAndréia mora em Picada Mariante e tem dois filhos, um menino de 4 anos e uma menina de 17. Quanto ao auxílio creche e pré-escola, direito das domésticas também exigido por lei agora, Maria Elisabeth ressalta que, quando o menino começar a frequentar a escola no próximo ano, se for necessário este auxílio, o mesmo será prestado. Em caso de doença, a empregada poderá se desligar do serviço o tempo necessário conforme exigido pelo laudo médico. Devido à distância do serviço até a casa de Andréia, ela não precisa pagar as passagens, as quais totalizam o valor de R$280 mensais. Contente com o serviço, a empregada ressalta: “Toda essa regulamentação é muito importante e necessária, mas eu sempre ganhei os meus direitos, como passagem, 13º, férias, e, por isso, não tenho o que reclamar.”

Toda essa regulamentação é muito importante e necessária, mas eu sempre ganhei os meus direitos, como passagem, 13º, férias, e, por isso, não tenho o que reclamar

Cinco décadas de trabalho e amizade fizeram de Adélia uma ‘dama de companhia’

Foto: Kethlin Meurer / Folha do MateAdélia (à esquerda), depois de trabalhar durante 50 anos na casa de Gládis, tornou-se amiga da patroa e a companhia de todos os dias da mesma
Adélia (à esquerda), depois de trabalhar durante 50 anos na casa de Gládis, tornou-se amiga da patroa e a companhia de todos os dias da mesma

Adélia da Rosa tem 70 anos, e somente neste ano deixou de ser empregada doméstica. Função a qual se dedicou durante 50 anos. Desde abril, é considerada pela patroa Gládis Baptista, 75 anos, uma ‘dama de companhia’, pois desde que passou por uma cirurgia, não pode realizar serviços pesados. “Desde a cirurgia, demos toda a assistência a ela, então decidi pegar ela de manhã na casa dela e levar ela de tarde. Agora ela está ajudando com tarefas simples, é mais uma companhia e amiga para mim”, comenta Gládis.

Quando a Adélia completou 65 anos, apenas auxiliava na cozinha, pois tinha dificuldades de fazer todo o serviço de casa e recebia ajuda de uma faxineira que, no momento, desde a cirurgia de Adélia, trabalha todos os dias e realiza todas as atividades.

DireitosAposentada há cerca de 25 anos, Adélia sempre teve a carteira assinada e trabalhava oito horas diárias. “Desde que ela se aposentou, sempre ganhou dois salários mínimos por mês, pois, como não tinha mais como assinar a carteira dela, eu fiz uma poupança. Ela não queria ter duas aposentadorias do INSS, então deposito um dinheiro que cai na conta dela todo o mês”, explica Gládis. Segundo ela, sempre pagou às empregadas fundo de garantia, 13º, além de autorizar a retirada de férias.

Gládis comenta que considera Adélia não somente como uma empregada, mas também, como amiga e companheira. “Desde moça ela trabalhou aqui, viu meus filhos crescerem, nascerem, ela é da família, passou conosco por todas as tristezas e alegrias”, comenta Gládis. A ‘dama de companhia’ finaliza: “Sempre fiquei muito satisfeita com o meu serviço, pois sempre recebi todo o auxílio que eu precisei, mesmo não estando na lei.”

 

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