A cada ano, 26,3 milhões de toneladas de comida são jogadas fora no Brasil. Volume suficiente para distribuir 131,5 quilos para cada brasileiro ou 3,76 quilos para cada habitante do planeta, segundo pesquisa da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). Nos restaurantes e supermercados, a dúvida é: onde colocar as sobras de comida ou até mesmo os produtos fora do prazo de validade?
Em Venâncio Aires, as opções encontradas para este ‘problema’ são as mais variadas. Em alguns restaurantes, o que sobra dos pratos dos clientes, é destinado ao consumo de animais, outras vezes, colocado nas lixeiras. Quanto às sobras do buffet, algumas empresas já buscam outras alternativas para não colocar fora.
CONTROLEEm restaurantes, a situação é um pouco diferente. Os alimentos não podem ser substituídos, então, o que fazer? No local onde Gilmar Genz é proprietário, sobram do buffet cerca de 12 quilos de alimentos por dia, o que corresponde a uma perda de R$2.500 por mês. Por sua vez, nada disso vai para as lixeiras. Segundo ele, todos os dias, em torno de dez moradores de rua são alimentados. Além disso, o consumo parte também dos próprios funcionários, os quais podem levar para casa as comidas. Para ele e a esposa Rejane, também proprietária, esta perda não chega a ser considerada um prejuízo. “Dá uma quebra de 2%, nós buscamos ter um controle do quanto fazer de comida, mas essa sobra é uma coisa que faz parte mesmo”, observa Gilmar.
SOBRAS DOS PRATOSO problema mesmo está nas sobras nos pratos, que somam 8 quilos por dia. “Infelizmente, com isso não podemos fazer nada, temos que colocar fora”, comenta. Segundo Gilmar anos atrás, os alimentos deixados nos recipientes enchiam dois baldes. Esta quantidade reduziu 70% nos últimos dois anos. “Ultimamente as pessoas parecem estar mais conscientes e deixam menos sobras nos pratos”, observa. Quanto aos alimentos dados aos moradores de rua, alguns critérios são estabelecidos: “Eles não podem chegar na frente do restaurante bêbados, pois, se isso acontecer, ficam uma semana sem comida. Eles também só podem chegar depois das 14h e então recebem comidas bem boas, aquelas do buffet que sobram, e cada um recebe a mesma quantidade.” Gilmar acrescenta: “Essas pessoas têm fome e a fome é cruel. Algumas dizem que a comida que eles ganham é a única refeição do dia.”Para ele, deveria existir alguma campanha para conscientizar as pessoas a servirem somente o necessário ao próprio consumo, para que não sobre alimentos, os quais não podem nem sequer ser consumidos pelas pessoas carentes.
ALTERNATIVASEm outro restaurante da cidade, as sobras do buffet também não vão para as lixeiras. O gerente Marcelo Viehbeck conta que 15 quilos sobram do mesmo diariamente, mas esta quantidade é consumida pelos próprios funcionários. Conforme ele, as pessoas também estão mais conscientes e deixam sobrar pouco nos recipientes. “Acredito que seja devido à redução de custos e questão financeira”, observa. Andrea Kist, também proprietária de um restaurante, salienta que 3 quilos de comida sobram todos os dias, os quais são levados para a casa das funcionárias. Cascas de frutas, por exemplo, viram adubo na chácara de Andrea. Segundo ela, nenhum alimento é colocado nas lixeiras no centro da cidade: “Não coloco nada nessas lixeiras por causa do cheiro bem forte, então para não poluir, busco outros meios para não colocar eles ali.”
Confira também: Legislação estabelece proibição no uso de sobras ou alimentos vencidos