Vereador mais votado nas eleições 2012, a primeira de sua curta carreira política, Jarbas da Rosa (PDT), nunca teve seu nome tão comentando nos bastidores políticos como agora. Depois de alguns episódios que mostraram um afastamento e até mágoas com o PDT, criaram-se os rumores de que ele poderia estar deixando o partido para se filiar ao PSB e concorrer a vice-prefeito, ao lado do pré-candidato Giovane Wickert (PT).
A janela aberta pelo Tribunal Superior Eleitoral entre março e abril de 2016, permite que ele, ainda, troque de sigla sem perder o cargo de vereador. Mas até lá, muita negociação vai rolar, pois ao mesmo tempo, Jarbas figura na lista de nomes cotados do PDT. Embora afirme que é “a menor possibilidade” do partido, ele não esconde que disputar a Prefeitura é um ‘sonho’.Criado na região de Vila Estância Nova, interior do município, Rosa, 40 anos, é médico concursado e atende 40 horas semanais no posto de saúde do bairro Coronel Brito. Em entrevista à Folha do Mate, na tarde de segunda-feira, esclareceu episódios políticos, desabafou, mas mostrou que segue indeciso. Sua participação nas próximas eleições está sendo encaminhada, mas só o diálogo com os partidos vai definir se ele repete candidatura ao Legislativo ou se desafia-se ao cargo máximo do Executivo Municipal.
Folha do Mate – Seu nome está sendo cogitado para ser candidato a prefeito pelo PDT e ao mesmo tempo, fala-se, nos bastidores, que você poderia deixar o partido a convite do PSB e ser candidato a vice de Giovane Wickert, pré-candidato a prefeito do PT. Como você lida com essas informações?Jarbas da Rosa – Na verdade, praticamente todos os partidos de Venâncio Aires já me convidaram. Que eu me lembre, o único que não me convidou foi o PT. Mas lido com normalidade com essa informação. Acho que é um reflexo do nosso trabalho, não só o trabalho profissional, mas da área da política e que reflete na oportunidade de poder trabalhar ainda mais por Venâncio, no futuro.
é conhecida sua boa relação com lideranças do PT. Isso permanece depois do PDT ter rompido a coligação de governo e o PT ter ido para a oposição?Tenho uma boa relação com as lideranças do PT, assim como tenho com as de outros partidos. Posso dizer que tenho trânsito livre em todos os partidos de Venâncio e isso, talvez, seja reflexo da transparência e da simplicidade do trabalho do dia a dia. Vejo isso como algo muito bom. é preciso ser pró-ativo, para acabar com esses ranços políticos de antigamente.
Como foi o episódio da Câmara de Vereadores, no fim do ano passado, onde você era nome do PDT para assumir a presidência da Casa, mas pela sua insistência em manter um vice do PT provocou uma reviravolta? Na época o PMDB se aproximou do PDT e o PT se posicionou na oposição e a Ana Cláudia acabou eleita a presidente.Na verdade, muito antes desse episódio, já antevendo essa dificuldade, eu tive algumas conversas, principalmente, com o vereador Vilson Gauer, para a gente fazer alguma coisa diferente. Eu pressentia que iria chegar em dezembro e isso iria poderia acontecer e foi o que realmente aconteceu. Inclusive – e isso eu nunca disse publicamente – , até o dia anterior da minha decisão de concorrer à presidência da Câmara, o Vilson Gauer chegou a insinuar que abriria mão da vice-presidência, para me deixar num sistema de conforto para poder decidir com mais tranquilidade, sem pressão do partido. A partir do momento que o Vilson Gauer colocou seu nome à disposição, ele deu prova grandiosa de uma pessoa que se doa para a política, e que não leva as coisas a ferro e fogo. Então eu tive que manter minha posição em agradecimento a ele e não me arrependi. Desisti, justamente, para não repartir ainda mais o partido. Desisti em nome de algo maior, em nome do partido. Não foi birra ou criancice. Preferi tirar meu nome para não virar uma briga interna. Foi uma decisão pessoal, que ninguém me influenciou, tanto é que eu votei na mesa proposta pelo PDT [e elegeu em chapa única a Ana Cláudia]. Esse foi, talvez, o fato mais importante da minha curta vida política. Se fosse hoje, a mesma situação, eu faria a mesma coisa. Não me arrependo de nada. Só a minha família sabe como aquela noite foi tão bem dormida. Fazia semanas que não dormia pensando como deveria me comportar. Quando tomei essa situação, pensei nos meus eleitores.
Outro episódio, no início deste ano, foi a reclamação de empresários ao prefeito Airton Artus sobre exageros no fornecimento de atestados médicos de sua parte. Isso criou um mal-estar com o prefeito como se fala abertamente?Sobre isso eu já conversei com prefeito e já disse o motivo. é só olhar o sistema IntegraSus e ver qual médico da Prefeitura que mais atende. Quem mais atende, mais trabalha, mais exames, mais atestados. é uma conta aritmética, fácil de explicar. Se alguém da comunidade acha que eu uso da Medicina para ganhar voto, essa pessoa não me conhece.Tens conhecimento de pesquisas pré-eleitorais que estariam indicando a sua boa aceitação para ser candidato a prefeito em 2016?A gente ouve muitos comentários nas ruas, sobre pesquisas, mas oficialmente não tem nada registrado.
A que se deve esse boa aceitação do seu nome para prefeito já que és um vereador de primeira legislatura?Até hoje eu nunca falei que sou candidato. As pessoas me perguntam se vou ou não ser candidato e até mesmo nas ruas as pessoas vão falando e o assunto ganhando uma proporção.
E você quer ser candidato a prefeito de Venâncio?Seria uma honra. Quem não quer ser?
Seu nome para prefeito significa a renovação em Venâncio, tão cobrada na política?Acho que a próxima eleição municipal é, por si só, um divisor de águas. Nos últimos 50 anos, a exceção do prefeito Rony Myllius [in memoriam], todos as eleições tiveram como ganhadores a família Dettenborn, Scherer ou Artus e, os que se apresentam, até o momento, como possíveis candidatos, mas pode ser que mude, são novos. Acho que não é questão de o Jarbas ser um nome novo. A eleição de 2016, de qualquer forma, vai marcar uma nova era, uma mudança, pois vai deixar os últimos 50 anos para trás.
Qual a real chance de você ser candidato a prefeito?Digo que tem três circunstâncias que te credenciam a ser um candidato a prefeito, vice, ou vereador. Primeiro é a vontade pessoal, segundo a vontade do partido e a terceira é a vontade do eleitor. Se você não tiver um desses três, não vai conseguir. A possibilidade vai depender dessa três conjunturas estarem unidas.
Entre buscar ser candidato a prefeito pelo PDT ou trocar de partido e ser candidato a vice de Giovane do PT, qual será a sua escolha?Na verdade não existe uma escolha. Muitos dizem na rua, ou na imprensa, que o Jarbas precisa tomar uma decisão ou que o Jarbas isso e aquilo…Existem várias pessoas, políticos que eu troco ideias e que também participam dessas decisões. Não é uma decisão única e isolada minha, mas de um grupo. Mas, ainda, vai ter muita discussão nos próximos meses. Neste momento talvez não seja a melhor hora, agora é hora de conversa.
O PDT tem vários possíveis pré-candidatos a prefeito. Tu serias mais um?Hoje eu sou, talvez, a menor possibilidade. Telmo é um nome que tem trajetória como vereador, já foi secretário, presidente do partido, coordenador regional do PDT, tem bagagem e é um ótimo nome dentro do PDT e que teria condições plenas de assumir uma Prefeitura. O Hélio Lawall é outro nome que se fala e também já foi vereador, secretári. é um ótimo gestor público e privado, tem experiência administrativa e também é um ótimo nome.
E o Jarbas? Quais são os seus atributos?Sou iniciante na política e venho aprendendo muito. Talvez a pergunta que muitos se fazem é: o Jarbas se acha pronto? Não sei se estou pronto, mas estou preparado para enfrentar qualquer dificuldade.Minha vida nunca foi fácil e também nunca corri da raia. Nunca fui vereador três vezes, nunca fui secretário, nem gestor público, e com certeza isso deixa outros pré-candidatos, como Telmo e o Lawall, na minha frente. Mas, com certeza, se fosse candidato, eu seria um bom administrador.Administrador tem que ter um corpo de trabalho e a história mostra, que o grande administrador é aquele que delega poderes e sabe quem vai fazer com excelência.
Se o PDT não decidir pelo teu nome, a ideia é trocar de partido ou permanecer no PDT?Não penso nessas possibilidades. Acho cedo ainda uma decisão. Não tenho uma decisão se vou a vereador, vice ou prefeito. Isso a gente está conversando. Várias coisas vão influenciam nesta decisão, como a atividade profissional e a própria família. Trocar o partido não é uma condição. Sou um soldado. Posso ir a vereador, vice, prefeito. Para mim não tem problema nenhum.