Se alguma escola de samba tinha a expectativa de receber valores maiores do que os R$ 16 mil anunciados pela Prefeitura de Venâncio Aires, essa possibilidade está descartada. No entanto, o Carnaval de rua, marcado para os dias 25 e 27, está confirmado oficialmente, e o recurso a ser repassado às agremiações virá da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) e de outras empresas através Lei Rouanet. O valor será dividido em duas parcelas.

Foto: Kethlin Meurer / Arquivo Folha do Mate;

A primeira delas, de R$ 6 mil, deve ser paga ainda nesta semana às cinco escolas – Fiel Tribo Guarani, Unidos das Villas, Unidos da Vila Freese, Acadêmicos do Samba Négo e Malandros do Ritmo -, e o restante [R$ 10 mil para cada agremiação], será transferido após a prestação de contas do Carnaval pela Administração.Os recursos para a realização dos festejos foram viabilizados através de projeto inscrito na Lei Rouanet pela Liga das Escolas de Venâncio Aires. A captação de verbas para o Carnaval segue aberta até o dia 31 de julho e tem como valor final R$ 198 mil. Até ontem, o montante arrecadado era de R$ 80 mil – R$ 73.492 oriundos da Corsan e o restante arrecadado através de quantias menores com empresas do município.

PATROCíNIOO anúncio de que a Corsan seria uma das empresas apoiadoras por meio da Lei Rouanet foi feito com exclusividade pela Folha do Mate, que obteve a informação junto ao prefeito Giovane Wickert, na noite de segunda-feira, 13. No mesmo dia, ele se reuniu com representantes das agremiações carnavalescas. No entanto, a maior parte do montante será enviada apenas após o Carnaval, o que exigirá que a Administração faça contato com todos os fornecedores de Venâncio Aires para que ofereçam crédito às escolas.

Guita:“Vamos precisar contar com a confiança e força deles”

é com esse espírito de não deixar a peteca cair que as escolas estão trabalhando para o Carnaval de 2017. Após receberem a notícia de que o valor repassado seria parcelado em duas vezes, eles irão contar com a confiança do comércio para comprar fiado e pagar depois dos festejos. De acordo com o presidente da Unidos da Vila Freese, Guiomar da Rosa, o Guita, é difícil trabalhar sem dinheiro em caixa. Um dos exemplos citados é o custo que se tem com harmonia: “Sem receber eles não descem a Rua Grande”.

Além disso, conta que está aguardando a primeira parcela para quitar algumas despesas que somam quase R$ 3 mil, momento no qual precisou contar com a confiança do comércio para conseguir dar início às produções. “Agora não dá pra desistir, já começamos com tudo. Não posso desistir se já estou com despesas”, desabafa. “Vamos precisar contar com a confiança e força deles [comércio]”, completa o dirigente.

Saulo Klakfe: “Não vai ser fácil se virar”

A Acadêmicos do Samba Négo retorna ao Carnaval da Capital do Chimarrão após três anos com saudade do carinho recebido pela comunidade venâncio-airense. De acordo com o presidente, Saulo Klafke, não vai ser fácil ‘se virar’ com os R$ 6 mil. Ele acredita que será necessário colocar o dobro do valor para conseguir fazer uma festa bonita. “Entendemos o momento de crise e sabemos que não está fácil para ninguém”, afirma.

A escola não tem gastos com contratações de pessoas de fora para compor a equipe. Mesmo tendo integrantes de Santa Cruz do Sul, Porto Alegre e Caxias do Sul, “todos eles participam pelo amor que sentem pela agremiação”. Para arrecadar uma quantia maior de dinheiro – já que não cobra as fantasias -, o Négo está comercializando uma Ação Entre Amigos, no valor de R$ 2. O trabalho para o Carnaval de 2018 começa em maio.