Classes no lugar, livros nem tão organizados, paredes repintadas, brinquedos consertados, equipamentos renovados, rachaduras tampadas. Tudo quase, sim, quase pronto, para receber alunos e professores.

Parte das 29 escolas estaduais de Venâncio Aires foram visitadas durante o período de férias pela reportagem da Folha do Mate, para dar início, nesta edição, a uma série de reportagens que vão mostrar a realidade das escolas estaduais do município. Educandários que abrem as portas para receber, a partir de segunda-feira, 23, os alunos para mais um ano letivo.O raio-x das escolas estaduais vai mostrar demandas e qualidades do ensino local. Algumas estão em plenas condições para abrigar e ensinar alunos em salas de aulas. Já outras precisam, mais um ano, enfrentar problemas estruturais, como a necessidade de novos móveis, reformas de salas de aula, construções de quadras cobertas, ou carências que vão além da estrutura física, como a falta de alunos e problemas com dependência química e furto. Algumas escolas, aguardam ainda, explicações sobre demandas que não foram atendidas e onde foram parar os recursos conquistados através da Participação Popular e Cidadã, a antiga Consulta Popular.

Passivo de recursosdo Vale do Rio Pardo

De acordo com a presidente do Conselho de Desenvolvimento do Vale do Rio Pardo (Corede) Mariza Christoff, o passivo de recursos para o Vale do Rio Pardo, até o último levantamento realizado de todas as demandas pendentes desde 2004, soma-se mais de R$ 9 milhões. Atrás de informações do porque desses valores nunca terem sido pagos – e passarem de um governo para o outro – Mariza afirma que apesar de ter ido atrás de resposta, nunca obteve retorno da Coordenadoria. Essa foi a área em que o Vale do Rio Pardo obteve maior problema com a falta de pagamentos. “Por um tempo até pensei que o problema era geral, mas conversando com colegas de outros Coredes, observei que não é exatamente da forma que pensava. Houveram conselhos regionais em que as demandas foram melhor pagas na área de educação do que o Vale do Rio Pardo”, explica. 

No primeiro governo de Tarso Genro, foi feita uma priorização. Mariza explica que todas as demandas com valores pequenos, por exemplo R$ 15 mil, foram retiradas e deixaram de existir, pois não tinham mais condições com o recurso previsto pra execução. “Após tirar isso, continuamos com a mesma listagem, mas isso não foi pago, também”, lamenta. No segundo mandato de Tarso, as escolas estavam interessadas em mobiliários e equipamentos, o que foi pago pelo Estado. Depois, um desinteresse surgiu e novas demandas. Sendo assim, a maior necessidade dos educandários passou a estar ligada com reformas da rede elétrica, estrutural e ampliações.Em relação a Venâncio Aires, Mariza diz que financiamentos devem ser pagos. “Mas o que depender do caixa do Estado, tem um período de seis meses que não vai ser quitado”, comenta. Nas consultas populares realizadas em 2013 e 2014, a educação esteve na cédula de votação como projeto estruturante, o que mostra que a área quer ser valorizada com os recursos públicos. “Enquanto apenas o que queríamos era o pagamento do passivo da educação.”

Nessas duas votações [2013 E 2014] houve uma votação imensa, ninguém pediu nada mais, a não ser o pagamento atrasado, mas nem assim andou

RECURSOS DE VENâNCIO

A educação sempre foi a área com mais dificuldade no pagamento de recursos. Segundo a presidente do Conselho Municipal de Desenvolvimento (Comude), Jalila Böhm, escolas de Venâncio Aires foram contempladas com a Consulta Popular para os exercícios de 2014 e 2015 e dos dois anos há recursos a pagar. Foram aprovados recursos para seguintes educandários e valores:

Escola Cônego Albino Juchem – R$ 40 milEscola Monte das Tabocas – R$ 40 mil Escola Mariante – R$ 30 milEscola Crescer – R$ 25 milEscola Frida Reckziegel – R$ 25 milEscola São Luiz – R$ 25 mil

Conforme o portal do Sistema de Participação Popular, dos R$ 185 mil aprovados para serem pagos em 2014, apenas R$ 80 mil foram liquidados.

Já para o exercício 2015, as escolas têm a receber, conforme o portal do Estado, R$ 179.416,21.

Escola Zilda de Brito Pereira – 5.000Escola Mariante – 30.000Escola Adelina Isabela Konzen – 5.000Escola São Luiz – 5.000Escola Frida Reckziegel – 9.000Escola Monte das Tabocas – 42.000Escola Cônego Albino Juchem – 78.416,21Escola Crescer – R$ 5 mil