Estado desativa duas escolas na zona rural de Venâncio Aires

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Foto: Juliana Bencke / Folha do MateEscola de Tangerina é uma das que terão atividades interrompidas
Escola de Tangerina é uma das que terão atividades interrompidas

Duas instituições de ensino da zona rural de Venâncio Aires não vão iniciar o ano letivo de 2017. Devido ao baixo número de estudantes, as escolas estaduais de Ensino Fundamental de Tangerina e Arthur Emilio Mylius, de Picada Nova, terão as atividades interrompidas. Os alunos serão encaminhados a colégios próximos e terão garantia de transporte escolar.

Coordenador regional de Educação, Luiz Ricardo Pinho de Moura explica que a desativação das escolas é reflexo de uma redução gradual de estudantes na área rural. “Historicamente, Venâncio Aires tem um grande número de escolas pequenas, no interior, que foram encerrando as atividades. Aos poucos, foi diminuindo o número de famílias nessas localidades ou os próprios alunos menores passaram a acompanhar irmãos mais velhos em outra escola”, observa. 

De acordo com ele, as duas escolas que serão desativadas ofereciam apenas as anos iniciais do Ensino Fundamental. “Na Arthur Mylius, eram nove alunos no ano passado, com previsão de dez para 2017. Na Tangerina, eram 13 estudantes e cairia para 11, neste ano”, cita.

“Era praticamente impossível manter uma infraestrutura administrativa, financeira e pedagógica em escolas com dez ou 11 alunos, se temos a garantia de transporte escolar e opções de outras escolas próximas de onde moram esses estudantes.”

O titular da 6ª Coordenadoria Regional de Educação (6ª CRE) garante que as famílias e as direções das escolas, bem como a Secretaria Municipal de Educação, foram comunicadas com antecedência sobre a interrupção das aulas. Segundo ele, estudantes da Arthur Mylius terão opção de estudarem nas escolas estaduais Adelina Isabela Konzen e Mariante ou na Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Bento Gonçalves. Crianças que estudavam no colégio Tangerina poderão frequentar aulas nas Emefs Narciso Mariante de Campos ou Dom Pedro I.

Economia

Embora não saiba precisar o valor exato que será economizado com a desativação dos colégios, Moura comenta que serão reduzidos custos, especialmente, das despesas de manutenção, como energia elétrica, água e telefone. Os quatro servidores que atuavam nos colégios – um professor/diretor e um funcionário, em cada instituição – serão remanejados a outros estabelecimentos de ensino.

“é uma perda para a comunidade”

Marli Toillier, 60 anos, mora nos fundos da Escola Estadual de Ensino Fundamental de Tangerina. Apesar da cerca que divide os terrenos, ela cuida do pátio do colégio como se fosse seu. “Sempre fiz a limpeza. Não posso deixar virar em mato”, diz.

Mais do que vizinha da escola que será desativada, a moradora de Linha Tangerina mantém uma ligação afetiva com a instituição: atuou por 37 anos no local, como professora; em uma década, também ocupou o cargo de diretora. Depois de ter alfabetizado dezenas de crianças nas salas de aula da escola Tangerina – entre elas, os três filhos -, Marli lamenta a desativação do estabelecimento de ensino. “é uma perda para a comunidade. Estou triste. é assim como todos com quem a gente conversa.” 

Para ela, que deixou de trabalhar no local há cerca de um ano e meio, mas, todas as manhãs, escutava o barulho dos alunos, vai ser estranho lidar com o silêncio em frente à sua residência. “Agora vai ficar tudo quieto. Só de pensar, dá até uma coisa ruim na gente. é uma pena, tem um pátio tão grande e toda a estrutura.”

A professora aposentada reconhece que o número de moradores do interior tem diminuído nos últimos anos. No entanto, acredita que, se houvesse pré-escola no colégio, novos alunos ingressariam no local e escola seguiria aberta.

“Muitas crianças moravam perto, mas iam para outras escolas onde era oferecida a pré-escola. Depois, não voltavam para estudar aqui.”

Desativada x fechada

As duas escolas que terão as atividades letivas interrompidas serão desativadas e não fechadas, de acordo com o coordenador regional de Educação, Luiz Ricardo Pinho de Moura. Na prática, isso significa que a escola continua existindo, oficialmente, mas sem aulas, por cinco anos. “Se, nesse período, houver um aumento significativo de alunos na comunidade, essa escola pode voltar a funcionar.” Nesse tempo, o prédio pode ser cedido para a Prefeitura para fins educacionais, doado para o Município ou a escola pode ser municipalizada.

 



Juliana Bencke

Juliana Bencke

Editora de Cadernos, responsável pela coordenação de cadernos especiais, revistas e demais conteúdos publicitários da Folha do Mate

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