A longa sequência de dias chuvosos, as baixas temperaturas e incidência solar, vêm prejudicando o pleno desenvolvimento das pastagens, que têm sofrido com a excessiva umidade e o pisoteio dos animais. Apenas a aveia está com bom desenvolvimento até o momento, caracterizando um período de escassez de oferta de alimento volumoso.

Pela falta de luminosidade e excesso de umidade as pastagens não têm um bom desenvolvimento, por isso, a confecção de alimentos conservados (como silagem e feno) como reserva alimentar, para suprir esta deficiência de quantidade de alimento é importante. “Não pode ter mais animais do que consegue se alimentar, sempre precisa haver sobra de alimento na propriedade”, observa o engenheiro agrícola do escritório municipal da Emater/RS-Ascar, Diego Barden dos Santos.

 

Foto: Edemar Etges / Folha do MateSituação preocupa os produtores de leite, como Lauri Schwendler
Situação preocupa os produtores de leite, como Lauri Schwendler

 BOVINOCULTURA DE LEITE

Na bovinocultura de leite, a grande quantidade de água no solo, em função do longo período de chuvas, prejudica o manejo dos animais durante o pastejo e a condução para a ordenha. Além da redução na produção, o custo aumenta pelo uso de mais silagem e de rações concentradas. “Preocupa a situação de produtores que não fizeram uma boa reserva de silagem, o que pode comprometer a alimentação dos rebanhos até a primavera”, frisa Santos.

Entre os produtores que vive esta situação está Lauri Schwendler, morador de Linha Arroio Grande. Ele tem três áreas de pastagem – uma de azevém e outra de centeio, onde costuma soltar as vacas para pastarem, além de aveia que corta e trata no cocho. Porém, não está cortando esta pois não consegue entrar na lavoura. E, como as pastagens estão muito encharcadas, não solta as vacas pois elas afundam e ao pisotear, formam barro, o que prejudica as plantas. Schwendler acredita que as chuvas também deixaram o azevém e o centeio muito aguados, pois os animais não se interessam muito em pastar. Para completar a alimentação, o produtor trata silagem, ração e feno.

Se a gente pudesse aproveitar melhor as pastagens, não precisaríamos nos valer de outros tratos como a silagem, ração e feno.”

LAURI SCHWNDLERProdutor de leite

Schwendler ainda não soube precisar se as vacas vêm reduzindo a produção, o que somente vai ser possível saber quando cessarem as chuvas e ele conseguir novamente soltar as vacas nas pastagens. “Por enquanto ainda não sentimos a redução na produtividade, pois completamos a alimentação com outros tratos”, observa. Schwendler coloca que esta época do ano é a ideal para complementar a alimentação das vacas com outros tipos de pasto, o que não está conseguindo por causa do excesso de chuvas.

OUTRAS CULTURAS

Segundo o chefe do escritório municipal da Emater/RS-Ascar, Vicente Fin, a cultura do trigo segue seu desenvolvimento sem maiores percalços, com os produtores intensificando sua atenção no monitoramento de doenças fúngicas, uma vez que a amplitude térmica aliada à alta umidade relativa do ar predispõe à ocorrência dessas doenças. As chuvas constantes porém, dificultam o preparo do solo para o plantio do arroz, o preparo dos camalhões para o tabaco, prejudicam a colheita do milho safrinha, pois os grãos já começam a brotar dentro da espiga, o que proporciona um grão ardido, além de perdas das hortaliças, principalmente, aquelas que são produzidas ao ar livre.

A quantidade de animais é determinante para a oferta adequada de alimentos.”

DIEGO BARDEN DOS SANTOSEngenheiro agrícola do escritório municipal da Emater/RS-Ascar

30é número total de vacas de Lauri Schwendler, onde 27 estão em lactação.

800é a produção diária de litros de leite de Schwendler.

173mm

é o volume de chuva verificado entre os dias 1º e 26 de julho. O índice está dentro da média mensal dos últimos dez anos, que foi de 175mm. As informações são do Departamento de Pesquisas da Alliance One.