Flávio dos Anjos, 71 anos, aposentado e cheio de histórias para contar. Morador do bairro Bela Vista há 20 anos, o senhor que esbanja simpatia foi caminhoneiro durante 33 anos, e foi no meio desta trajetória que encontrou sua maior satisfação.

Com o gosto pela pesca, há mais de 40 anos, Flávio aprendeu com um amigo a fazer os nós das redes que eram usadas para a prática da atividade. Foi então que iniciou o trabalho paralelo como hobby. Aos poucos foi desenvolvendo a técnica e assim teve sua arte espalhada por ginásios e campos de futebol do município, e até fora dele, em outras cidades do Estado.

As redes de proteção de ginásios como o Poliesportivo de Venâncio, de Linha Saraiva, Linha Isabel, Monte Alverne, Colégio Oliveira, Santa Rita de Cássia, foram feitas nó a nó pelas mãos do ‘Tio FlavinhoÂ’, como é conhecido. Atualmente, o aposentado faz redes de pesca, de goleiras de campo e futsal, de proteção de ginásios e edifícios, redes expositoras de brinquedos em supermercados, através de pedidos encaminhados por Paulinho Schwertner, comerciante local.

Flávio enfatiza que a atividade é difícil, mas gratificante. “Já ensinei muitas pessoas, gostaria de ensinar para mais, mas é bem difícil de aprender, porque precisa de paciência e tem que gostar. Hoje já é mais fácil do que quando comecei. Geralmente é só montar a rede de pesca, já que vem em panos prontos e só é necessário montá-las, dependendo de tamanho, da malha”, diz ele. Dependendo do tamanho da rede, o trabalho se estende ao longo de algumas semanas, como por exemplo, uma rede de proteção de um ginásio de esportes, que é feita com o apoio de um malheiro (tábua) e uma agulha, levando de 20 a 30 dias para ser concluída, já que seu tamanho pode chegar a 28 metros de comprimento, 18 metros de largura e sete metros de altura. Já as redes de pesca, como arrastão e tarrafas são mais rápidas de serem feitas, podendo ser concluídas em um ou dois dias. “às vezes, quando chego em um ginásio e digo para alguém que aquela rede foi feita por mim é muito gostoso”, enfatiza.

Entre a arte de manusear, entralhar e produzir redes, Flávio ainda reserva um tempo para outra arte: a Tradição Gaúcha. As cavalgadas, o laço e o trabalho em prol da cultura gaúcha – está muito presente em sua vida. Neste ano ele  recebeu do CPF Terra de Um Povo, o troféu em sua homenagem na 7ª festa campeira. “é uma nova família que tenho, que me proporcionam alegrias, me dão motivação e força, então estou sempre fazendo amizades novas a partir de cavalgadas e de encontros. Me sinto muito feliz com pessoas assim do meu lado”, destaca.