
Eles nasceram pequenos e em sua maioria com base familiar, mas cresceram e se tornaram peças-chave do desenvolvimento das comunidades onde fixaram raízes, na área rural de Venâncio Aires. Hoje, os quatro principais frigoríficos do município – Kroth, Sapé, Bom Frango e Boi Gaúcho – geram quase 500 empregos diretos e o faturamento anual passa dos R$ 350 milhões, segundo os resultados obtidos no último ano.
Com planos de investir quase R$ 20 milhões e, consequentemente, ampliar faturamento, número de abates e funcionários, essas indústrias de transformação servem de chamariz para o progresso. Exemplo disso é a pavimentação de 5,9 km de estrada em Vila Santa Emília, desde o acesso à localidade até o Frigorífico Kroth. Com 50% do trecho asfaltado até o final de agosto, a obra realizada com recursos estaduais e municipais visa melhorar a trafegabilidade e dar mais condições de crescimento à empresa e comunidade.
Funcionários da indústria, o casal Sérgio (41) e Luciani (42) Loeblein não imaginava que um dia veria a estrada de terra vermelha receber pavimentação asfáltica. Moradores de Linha 17 de Junho, uma localidade próxima, eles têm no frigorífico o seu principal ganha-pão. Ele atua como manobrista de caminhão e ela como auxiliar de controle de qualidade.
Sérgio começou a trabalhar na empresa há quase nove anos, após ser dispensado de uma transportadora. “é uma baita opção de emprego para o pessoal daqui, pois são poucos serviços além do trabalho com a fumicultura”, destaca. Já para Luciani, a oportunidade veio em 2009. “De todos os lugares que eu trabalhei, o melhor emprego que eu já tive é esse”, diz ela, que já foi safrista em uma fumageira e também funcionária de uma indústria calçadista.
Satisfeitos com os empregos, os pais da Ana Luiza (3) não querem abrir mão dos laços que possuem com a roça. “Apesar de trabalharmos como assalariados, nós ainda encontramos tempo para plantar alguns alimentos para a nossa subsistência. Gostamos da vida no campo”, salienta Sérgio. Atualmente, o casal trabalha em turnos diferentes para conseguir cuidar da filha. Por isso, Luciani deixa a sugestão de que também se ofereça o atendimento em creche no interior.
PRESENçA POSITIVA
De acordo com o doutor em economia, Silvio Cezar Arend, para que a presença de uma empresa numa região seja considerada positiva é necessário o seu “enraizamento”. Isso por meio da contratação de mão de obra local, do pagamento de impostos para a municipalidade e também do investimento dos seus lucros na própria unidade e comunidade; características estas presentes nos frigoríficos venâncio-airenses.
“Se a mão de obra vier de outras regiões, o impacto é menor, da mesma forma se a empresa tiver isenção de impostos, pois sobra menos para o município. Se os proprietários investirem seus lucros na empresa e na comunidade, o retorno obviamente será maior, mas se são grupos com sede fora do município, possivelmente, os lucros serão investidos fora do município.” O economista cita, ainda, ser importante a aquisição de matéria-prima no próprio município e/ou no entorno, como forma de estimular a produção e levar renda aos criadores locais de animais.
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