A permanência do vice-prefeito, Giovane Wickert no PT pode ser definida hoje. A decisão será embasada em uma série de reuniões entre ele e o próprio partido, e com outras legendas – articuladas para apoiá-lo com pré-candidato a prefeito de Venâncio Aires – que ocorreram nesta terça-feira, 29. Wickert está filiado no PT há 17 anos e avalia a possibilidade de desembarcar do partido devido a crise nacional que o PT enfrenta.
Na avaliação dele o que está envolvido não é a permanência ou não no PT, mas a busca de alternativas para oxigenar a política neste cenário de crise. “Queremos construir isso dentro do partido e nas demais legendas que buscam essa unidade de ideias. Por isso, estamos fazendo uma grande discussão para tomar uma decisão coerente, acertada e com convicção.”
Dessa forma, os sete partidos – PT, PTB, PP, PCdoB, PRB, PRP e PP – que formam base de apoio a pré-candidatura de Wickert à Administração Municipal se encontraram ontem durante reunião almoço para debater o assunto. Por um lado os partidos e o próprio pré-candidato temem que a crise que o PT Nacional enfrenta possa ser vinculada com a imagem dele e do PT local no processo eleitoral, que ocorre em outubro, e refletir no resultado das urnas, fato que desagrada partidos que estão imersos na aliança. “Os efeitos das últimas semanas no cenário nacional chamaram atenção dos próprios petistas quem dirá da população”, disse.
Por outro lado, a decisão pode ser mal interpretada tanto pela população como pelos apoiadores petistas que mesmo em meio a instabilidade que a sigla vive não cogitam a possibilidade de sair do partido. Para tomar a decisão Wickert adotará como princípios básicos a cautela e o diálogo. No final da tarde de ontem, Wickert se reuniu com a Executiva do PT e, às 19h30 esteve reunido com a direção ampliada do partido. Além disso, cada partido que o apoia avaliará internamente o quadro. “A reunião com o partido é muito importante para fazer uma avaliação, mas a decisão será adotada durante o dia de hoje a partir das discussões que ocorreram”.
CONVITESSegundo Wickert não faltaram convites de partidos para ele ingressar, caso opte por deixar o PT. Todos os seis que apoiam sua pré-candidatura deixaram as portas abertas. Além deles, a Rede Sustentabilidade, PPS e o PSB já estenderam convite para que ele integre o partido. “Hoje há afinidade com vários partidos, mas estamos avaliando o cenário e, principalmente, um novo momento que a política terá que buscar. é inegável que vamos precisar virar essa página da crise seja a política ou a econômica com superação.”
JANELA A possível saída de Wickert do PT ocorre através da Janela Partidária que garante desde o dia 2 de março até este sábado a troca de partidos para membros do Executivo sem a perda do mandato. De acordo com o cientista político, André Martins, a desfiliação pode ser entregue no Cartório Eleitoral até a segunda-feira, 4, desde que a desfiliação esteja assinada com a data deste sábado.
DILEMAAs articulações e discussões iniciaram há duas semanas. Na semana passada Wickert se reuniu com o senador Paulo Paim e com o prefeito de Canoas, Jairo Jorge para avaliar a conjuntura política. Logo após a criação da Rede Sustentabilidade Paim avaliava o desembarque do PT para ingressar no novo partido. Porém, após um diálogo com a direção estadual do partido ele permaneceu na legenda. Segundo Wickert, Jairo Jorge também avalia sua permanência no PT. Especulações apontam que ele possa sair do partido e concorrer ao governo do estado através de outra legenda.
O desembarque é um caminho adotado por outras lideranças petistas não só do Rio Grande do Sul, mas de outros estados. Na segunda-feira, 28, o prefeito de Osasco, Jorge Lapas, deixou o PT e se filiou ao PDT. Em carta aberta à população da cidade, ele declarou que a decisão foi embasada no ‘respeito ao clamor de diversos segmentos da sociedade’. O ex-prefeito de Gravataí, Daniel Bordignon também deixou o PT e deve se filiar ao PDT.