Com informações de Thamy Spencer/ADI.

Milhares de gaúchos despediram-se emocionados do músico, folclorista, antropólogo e poeta Antônio Augusto Fagundes, de 80 anos, que morreu na noite de quarta-feira, 24. Ele estava internado havia um mês no Hospital Ernesto Dornelles, em Porto Alegre, com problemas respiratórios.

Nesta quinta-feira, 25, artistas, intelectuais, músicos, familiares, políticos e amigos da confraria Cavaleiros da Paz, que ajudou a fundar, homenagearam e deram o adeus a Nico. “Ele deixa todo um trabalho pela cultura e a tradição, e seus livros. Foi uma grande perda”, resumiu o sentimento de muitos tradicionalistas a patroa do 35 CTG, Márcia Borges, de 41 anos. Ela recebeu de Nico o apoio e o carinho ao se tornar, ainda em 2012, a primeira patroa do Centro de Tradições. Para Márcia, ficam as lembranças e o legado que inspira as novas gerações.

Pós-graduado em História do Rio Grande do Sul e mestre em Antropologia Social, Nico é autor de livros e de muitos outros trabalhos, talvez o mais popularmente

Foto: Luiz Chaves / Palácio PiratiniGovernador José Ivo Sartori decretou luto oficial por três dias no RS
Governador José Ivo Sartori decretou luto oficial por três dias no RS

conhecido o Canto Alegretense, cujos versos criou. Foi lá que nasceu, em 4 de novembro de 1934.

“Nico parte, mas seu legado permanece para o presente e as futuras gerações”, disse, por meio de nota, o governador José Ivo Sartori, que esteve no velório por volta do meio-dia, e decretou luto oficial de três dias pela morte do músico. Para o secretário estadual da Cultura, Victor Hugo, Nico Fagundes foi um expoente da cultura não só tradicionalista gaúcha, mas de civilizações.

LEMBRANçA

Cerca de cinco mil pessoas estiveram no Palácio Piratini somente pela manhã no velório. A movimentação em torno do local estendeu-se por toda a tarde, principalmente quando se aproximou a hora do sepultamento. Na entrada do Piratini, mais de duas dúzias de coroas de flores simbolizavam o reconhecimento da importância do músico que também era apresentador de tevê e poeta. Por voltas das 15h, uma coroa de flores enviada pela presidente Dilma Rousseff chegou ao local.Na Assembleia Legislativa, no outro da Praça da Alfândega, centenas de trabalhadores, sindicalistas e políticos que participavam de audiência pública de comissão do Senado Federal fizeram um minuto de silêncio pela morte.

Ainda durante a tarde, amigos e companheiros de Nico da confraria Cavaleiros da Paz percorreram a Rua Duque de Caxias a cavalo e pilchados, para reverenciá-lo. O artista plástico e empresário rural Carlito Bicca, que há 15 anos participa do grupo, contou com orgulho que Nico o fundou ainda em 1980, para cavalgar e semear em diferentes pontos do mapa a mensagem da paz e a cultura do Rio Grande do Sul. Ao final da tarde eles levaram o cavalo encilhado de Nico, para a última despedida ao amigo.

Nascido no interior do Alegrete, em Inhanduí, que também decretou luto oficial, Nico deixa a esposa e seis filhos, sendo cinco do primeiro casamento.