
SIM! Todo início dói.
Especialmente quando o desafio é reconstruir como uma marca se comunica com o mundo. Geralmente, quando entro em uma empresa, é porque a comunicação já passou do ponto e, em muitos casos, está na UTI. Mas há também quando a empresa percebe que é hora de olhar para dentro, repensar sua identidade e valorizar a marca.
Hoje vejo muitas empresas correndo para o digital sem antes entender o que realmente comunicam. E é aí que mora o erro: antes de comunicar, é preciso compreender.
Com o tempo, descobri que mostrar diferenciais reais é o caminho mais eficaz para, além de manter e atrair clientes, construir uma reputação forte para a marca. Essa verdade só surge com propósito. O início quase nunca é leve: dói porque exige desconstrução, um mergulho nos valores da empresa, a revisão deles e o repensar de escolhas.
Sempre digo que não existem caminhos errados, existem trajetórias diferentes. Algumas levam mais tempo, outras são mais diretas. Meu papel é orientar, mas a decisão final sempre será do cliente. Esse trabalho é profundo, silencioso e muitas vezes invisível. É preciso viver a rotina, sentir a cultura, compreender as dores e perceber as forças da empresa. Às vezes, leva meses, e quem observa de fora acha que nada acontece. Mas é nesse tempo que nasce a verdade da marca. Fazer parte da rotina da estrutura traz pertencimento e permite comunicar algo autêntico. Uma marca verdadeira não se inventa!
Conhecer o território faz diferença: cidade, estado e costumes locais moldam a comunicação. Lembro quando participei do time que lançou a Le Coq Sportif em seu retorno ao Brasil, pelas mãos de um querido e antigo cliente com quem eu já acompanhava outras marcas. Fizemos reuniões em Gramado com representantes e fornecedores para trocar ideias e ouvir quem faz a venda acontecer. Quem está na linha de frente entende e vive o consumidor de um jeito que nenhuma pesquisa sozinha mostra, e isso faz toda a diferença no posicionamento. O lançamento oficial foi feito com o time do Atlético Mineiro, pois unir os “galos” de forma estratégica fazia muito sentido para ambas as marcas.
Antes de pensar em um post ou em uma campanha, pense no contexto. Comunicação não se faz com pressa, se faz com presença. O processo pode ser longo e desconfortável, mas quando as ações acontecem, carregam algo que o tempo não apaga: a verdade construída com profundidade. Se a comunicação da sua empresa está em dúvida, o melhor passo pode não ser divulgar mais, mas escutar mais.
E lembre: o silêncio também é estratégico.
