Representante do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o secretário da Agricultura Familiar e Cooperativismo da pasta, Fernando Schwanke, foi um dos palestrantes do seminário ‘Desafios, Oportunidades e a Transformação no Agronegócio Familiar’, promovido na terça-feira, 24, pela empresa Souza Cruz. O evento foi realizado em Bento Gonçalves.
Com o tema ‘Tecnologia, precisão, inovação, cooperativismo e qualidade’, Schwanke apresentou números do agronegócio brasileiro e a visão do Mapa para os próximos anos voltada à ampliação do mercado e novos acordos comerciais.
Ele anunciou que uma das metas do Governo Federal é fortalecer as cooperativas de crédito em todo país. “Elas têm uma capilaridade muito grande no Brasil e continuam crescendo.” Segundo ele, 550 cidades brasileiras não têm bancos, apenas cooperativas de crédito em seu território. A intenção, segundo ele, também é democratizar o acesso aos recursos e fomentar a concorrência no oferecimento do crédito e, como consequência, espera-se baixar as taxas bancárias. “As cooperativas têm um papel importante e a tendência é de que ampliem ainda mais esse espaço.”
O Plano Safra, segundo ele, já atende o ‘pilar’ do desenvolvimento rural, com oferecimento de crédito aos produtores, e o que se busca, entretanto, é discutir o acesso ao crédito.
Pequenas propriedades
Conhecedor da realidade das pequenas propriedades (foi prefeito de Rio Pardo e secretário de Agricultura de Santa Cruz do Sul), Schwanke falou da importância social e econômica da agricultura familiar e da retomada de projetos voltados a esta ‘fatia’ do agronegócio. “Retirar a agricultura familiar do Ministério da Agricultura é como tirar a educação infantil e fundamental da Educação.”
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Inovação
Em sua apresentação, destacou os quatro pilares que integram o planejamento de trabalho do Mapa até 2023: agropecuária sustentável; governança fundiária; defesa agropecuária e; pesquisa e inovação. Neste último tópico, o secretário destacou a meta de desenvolver e difundir novas tecnologias para manter e aumentar a competitividade da agropecuária brasileira. Inclusive, uma das sete secretarias que compõem o Mapa é a secretaria de Inovação, Desenvolvimento Rural e Irrigação. “Ela foi criada para apoiar a transformação do agronegócio em 4.0”.
Além disso, segundo ele, é primordial promover a sanidade da produção e a qualidade do insumos e produtos. “Ocorrências sanitárias têm grande efeito econômico e social, que requerem grande esforço para reversão e o acesso a mercados depende de garantias sanitárias”, frisou o secretário.
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Somente 20% dos produtores têm assistência técnica
Um dos desafios do Ministério da Agricultura está em ampliar a cobertura de assistência técnica aos produtores rurais. “Hoje, somente 20% dos produtores têm assistência técnica”, destacou. Segundo ele, se este percentual for ampliado para 50%, estima-se que o valor do PIB brasileiro aumente em 3%. “Mais assistência técnica é mais renda para o produtor.”
Em números, ele exemplificou essa representação. Dados do Mapa mostram que um produtor com assistência produz R$ 1,7 mil de valor bruto de produção, por hectare, enquanto que um agricultor sem esse serviço, produz somente R$ 700. “Isso é mais que o dobro e mostra a importância da assistência inserida nas cadeias produtivas.”
Para ele, a ampliação deste serviço é um desafio para todos os setores produtivos, visando mais competitividade e renda. “E isso não cabe simplesmente ao governo. Isso cabe efetivamente às cadeias produtivas. O tabaco, por exemplo, faz isso muito bem. Organizou o setor em um sistema integrado […] Isso precisa ser difundido no Brasil inteiro e em todas as cadeias produtivas.”
Pescado
- Segundo dados apresentados pelo secretário, o pescado é o item agrícola mais importado no mundo. Diante deste mercado, uma das metas é apostar e ampliar a criação de tilápias no Brasil para atender tanto o mercado interno, quanto externo.
Uma informação importante para a Associação dos Piscicultores de Venâncio Aires (Apiva) que hoje é referência na criação desta espécie.
Produção
- Brasil é líder mundial na produção de açúcar, café e suco de laranja. O país também ocupa o segundo lugar no ranking mundial na produção de soja, tabaco, carne bovina, carne de frango e ocupa o terceiro lugar no ranking de produção de milho.
O Brasil é o país que mais exporta todos esses produtos. A exceção é o milho, em que o país é o segundo no ranking mundial de exportação. Em média, exportamos 30% do que produzimos.
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