O Transtorno de Estresse Pós-Traumático, de acordo com Knapp & Caminha (2003) é uma psicopatologia que se desenvolve como resposta a um estressor traumático, real ou imaginário, de significado emocional suficiente para desencadear uma cascata de eventos psicológicos e neurobiológicos relacionados.
É considerado um distúrbio de ansiedade que geralmente afeta pessoas que foram vítimas de situação de violência ou presenciaram fatos violentos.
Quando o indivíduo pensa no fato, ele revive o que aconteceu, manifestando os mesmos sintomas e sofrimento.
As causas estão geralmente associadas à violência, agressão, abuso sexual, terrorismo, guerras, assalto, sequestro, dentre outros eventos associados.
Em uma pesquisa desenvolvida pela UNIFESP (Universidade Federal do Estado de São Paulo) e por outras universidades brasileiras, em parceria com pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz, foi descoberta que a causa biológica do transtorno está no desequilíbrio dos níveis de cortisol ou na redução de 8% a 10% do córtex pré-frontal e do hipocampo, áreas localizadas no cérebro.
Os sintomas de um paciente que apresenta estresse pós-traumático incluem isolamento social, além de os outros sintomas comuns aos transtornos de ansiedade, como taquicardia, sudorese, tonturas, etc.
Diagnóstico
O diagnóstico do estresse pós-traumático deve ser realizado por um médico e mediante uma série de requisitos, estabelecidos pelo Manual de Diagnóstico de Distúrbios Mentais e a Classificação Internacional de Doenças.
A primeira coisa é identificar o evento que deu origem ao estresse, ou seja, qual foi a ação que aquele indivíduo sofreu, vivenciou ou testemunhou que desencadeou esse comportamento e sintomas.
É importante que o médico tenha bastante sensibilidade ao conversar com o indivíduo que nem sempre está aberto e disposto a falar. Portanto, cabe ao profissional saber lidar com a situação, tendo empatia e abertura.
Depois de identificado, é importante relacionar com os demais sintomas apresentados pelo indivíduo.
De acordo com Knaap & Caminha (2003), as experiências traumáticas – armazenadas nas memórias cognitiva, emocional e motora – geram um padrão característico de estimulação da memória e estruturas corticais e subcorticais associativas, facilitando ao cérebro associações (pareamentos) entre os diversos estímulos sensoriais presentes no evento.
Portanto, desenvolve-se, também, uma certa vulnerabilidade para falsas associações e generalizações com outros acontecimentos não ameaçadores.
Daí a importância que o indivíduo que sofre de estresse pós-traumático que busque tratamento ou que seja encaminhado para um tratamento adequado, que incluirá medicamentos e psicoterapia.
Logo que o indivíduo passa pelo evento traumático há presença de dor, medo e terror, talvez levando para elementos dissociativos – fatores prognósticos para o desenvolvimento do transtorno de estresse pós-traumático [1]
Porém, passando a fase aguda, há tendência a períodos de paralisação/ entorpecimento, embotamento ou descrença [1]
O agravamento da memória inicial (registro primário) acontece através das memórias visuais e do fenômeno de reexperiência, da situação traumática nas vias cognitiva e comportamental, com consequente esquiva de estímulos associados ao trauma [1]
O paciente pode apresentar o que é chamado de “modelo de desamparo”, no qual não consegue emitir novas respostas, levando à depressão. Inclusive, o isolamento social e a depressão são bastante comuns em pacientes com estresse pós-traumático.
Tratamento
A terapia cognitivo-comportamental é fundamental para pacientes que sofrem de estresse pós-traumático.
Cada caso é um caso e o tratamento deve ser sempre individualizado, mas de maneira geral, o tratamento deve abranger ao menos 20 sessões, divididas conforme esquematizadas por Knaap & Caminha (2003) em sessões iniciais, intermediárias e finais.
O objetivo é mensurar o grau de estresse e ansiedade e abordar as crenças e culpas, além das memórias traumáticas para justamente ajustar o comportamento mediante elas e conseguir dessensibilizar o indivíduo.
Sessões iniciais
- Certificar-se que o paciente não está mais envolvido diretamente com o agressor;
- Avaliação do grau de estresse e ansiedade;
- Conexão entre lembrança traumática direta e indireta e variação das emoções.
Sessões intermediárias
- Abordagem das crenças, culpas e memórias traumáticas;
- Sessões de técnica de relaxamento e respiração;
- Dessensibilização sistemática;
- Experimento de exposição a situações ansiogênicas.
Sessões finais
- Amparo social;
- Prevenção de recaídas.
A terapia cognitivo-comportamental é de grande ajuda para indivíduos que apresentam estresse pós-traumático, sendo necessária a persistência nas sessões, para que assim o indivíduo consiga ter uma vida melhor no presente, não sofrendo mais por ações sofridas no passado.
Referência
Knaap P.; Caminha, R. M. Terapia cognitiva do transtorno do estresse pós-traumático. Rev Bras Psiquiatr 2003;25(Supl I):31-6.