Tuca recorda dos casebres substituídos pelas casas populares

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A década de 90 foi marcada pela conquista da casa própria de dona Elanir Pedronila dos Santos, conhecida como Tuca, moradora do bairro Battisti. Aos 61 anos é mãe de nove filhos, avó e bisavó. Nascida em Candelária, viveu a infância em Rio Pardinho, onde casou e teve dois filhos. Separada, conta que migrou para Venâncio Aires, há quase 40 anos, e morou nos bairros Gressler, Xangrilá, Coronel Brito e Battisti, onde mora ainda hoje.

Tuca recorda que no bairro Coronel Brito morava em uma casa pequenina perto da Escola Estadual 11 de Maio. A casa foi doada por José Algayer, que também era proprietário do terreno. Após seu falecimento, Tuca teve que sair do local e buscou abrigo na Vila Sete, como era denominado o lugar na época. “Quando vim de lá pra cá (Battisti) trouxe a casa que era bem pequenina”, diz. Junto com os seus nove filhos: Alexandre, Alessandra, Elisandra, Elisângela, Marla, Silvia, Angela, Junior e Everton (falecido em 2003), Tuca recorda que chorou muito quando foi para o lugar. Conta que mudou-se com os filhos todos pequenos e com o falecido marido. “Na época era lixão e tabatinga, só tinha casebres, algumas casas fechadas com papelão, não tinha estrada. A área estava sendo patrolada para fazer as casinhas. Aqui se olhava para os lados e parecia que não tinha saída. Era um lixão, uma tabatinga, um lodo. Era horrível, mas hoje sou apaixonada pela minha vila”, diz emocionada e ressalta: “Era um lixão, onde tudo isso foi transformado em lote habitacional graças ao Almedo ( ex-prefeito Almedo Dettenborn) e digo isso de boca cheia. Tem que suar muito para usar a camisa que ele usou dentro desta Prefeitura. Não interessa quem vai usar lá, mas vai ter que honrar muito a camisa pra ser um Almedo. Ele fez coisa por Venâncio. Ele arremangava as mangas e entrava na vila e fazia”, desabafa a moradora.

Tuca recorda do tempo da dona Elsa (Elcy da Luz) que foi uma das fundadoras da vila junto com Nelson Battisti. “Por isso é este nome, Battisti, porque ele foi um herói que pegou picão para derrubar o mato que tinha aqui para abrir as ruas, cheias de maricá e lixão”.

CONQUISTAS
Elanir Pedronila dos Santos se orgulha dos filhos. “Os meus filhos se criaram um criando os outros. Fiquei viúva de novo e sempre fui à luta”, comenta ela, que tem Fábio como companheiro há 20 anos. No bairro residem também os seus filhos, com exceção dos mais velhos que moram em Santa Cruz do Sul e de Junior, que mora no bairro Bela Vista. “Eu passei muito sacrifício. Eu não tenho casa sofisticada, mas eu vivo, eu trabalhei e lutei pelos meus filhos e eles também são muito trabalhadores e conquistaram as suas casas aqui, e cada um tem seu emprego”, diz Tuca, que atuou como safreira durante vários anos.“Na vila eu posso dizer que conquistei muita coisa. Foi aqui que nasceram meus netos e bisneto. Meus filhos estudaram nas escolas do Caic e 11 de Maio, não tenho queixa nenhuma, nunca me incomodaram, me orgulho. Eu criei raiz na vila. Vínculo se faz onde se mora, tenho muita amizade com todos aqui na vila.”

LAMENTOS
A Battisti foi e ainda é muito mal falada que é muito assalto, banditismo, mas com meus filhos nunca tive incomodação com problemas de drogas ou de roubo. A gente rala pra ter o que tem. Eu perdi um filho não foi aqui, foi no centro.“Meu filho que morreu ficou no mural da escola” , diz emocionada. “A gente não se conforma que ele morreu lá no centro de Venâncio. Ele não se envolvia com nada e aparece um ingrato e dá uma facada que era pra ser pra outra pessoa, no meu filho. Isso foi uma amargura que passei aqui, meu filho foi velado na capela. Marcou muito minha família”, recorda o fato ocorrido no ano de 2003.

“Os terrenos foram demarcados e eu fui uma, que vim para cá, que entrei com minha chave na mão. Esse bairro é toda minha vida”
ELANIR PEDRONILA DOS SANTOS
Moradora do bairro Battisti

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