Se Giovane Wickert já havia tomado, até a noite de ontem, a decisão de ficar no PT ou migrar para outro partido, soube mantê-la em sigilo, apesar da pressão que sofreu, durante toda a quarta-feira, de agentes políticos – tanto os que defendem a sua permanência, quanto dos que entendem que o momento é de renovação. O ex-governador Olívio Dutra e a deputada federal Maria do Rosário foram algumas das lideranças do Partido dos Trabalhadores que entraram em contato com o vice-prefeito de Venâncio Aires (e pré-candidato da sigla à Prefeitura) no sentido de convencê-lo de que não deve ‘mudar de ares’.Ainda ontem à noite, mais um influente petista viria à Capital Nacional do Chimarrão para se reunir com Wickert. Luis Fernando Schmidt, prefeito de Lajeado e presidente da Associação de Prefeitos e Vice-Prefeitos do PT no Rio Grande do Sul, seria mais um enviado da cúpula estadual da sigla, que, segundo apurou a reportagem da Folha do Mate, não está disposta a perder o venâncio-airense. Vice-prefeito reeleito e com mais de 22 mil votos obtidos em 2014, quando concorreu a deputado estadual, Wickert tem o reconhecimento do atual partido, que vê nele potencial para chegar ao Executivo nas eleições deste ano.Em razão desta visita, ele adiou o anúncio de sua decisão para hoje. Tinha prometido que o faria ontem, mas pediu compreensão da imprensa alegando estar realmente indeciso em relação ao seu futuro político. E isso pode ser notado em uma breve conversa. Ao mesmo tempo se diz incomodado – “indignado, até” – com os escândalos dos últimos tempos envolvendo o PT, o que seria justificativa para deixar a sigla, Giovane Wickert afirma que ficou emocionado ao ouvir discursos de petistas históricos de Venâncio que apoiam sua permanência. “Isso aconteceu terça-feira à noite, e mexeu comigo”, admite o político.
FUTURONa manhã de hoje, segundo a nova promessa do vice-prefeito de Venâncio Aires, a população saberá o que falou mais alto: o desapontamento pelo momento difícil pelo qual passa o Partido dos Trabalhadores ou o apego aos 17 anos de militância à sigla, a única em sua trajetória política. “A questão não tem a ver apenas com a eleição, como muitos dizem por aí, alguns até interessados em uma eventual saída minha do PT. é uma decisão muito difícil, pois qualquer que seja o desfecho, haverá uma razão para isso. E, no momento certo, vou me manifestar publicamente a respeito”, reforça o (ainda) petista. PSB e RedePerguntado sobre qual sigla o receberá, caso opte por deixar o PT, Giovane Wickert confirmou o que a Folha do Mate publicou na edição de ontem. De acordo com ele, PSB e Rede são “tendências bastante fortes, embora tenha recebido convite de nove agremiações partidárias de Venâncio Aires”.O presidente do PSB, Nestor de Azeredo, disse que oficialmente não foi cogitada a possibilidade de Wickert ingressar ao partido. “Houve uma conversa de bastidores, mas nada oficial que possamos discutir internamente no partido, até porque já temos um pré-candidato a majoritária pelo nosso partido.” A executiva do PSB se reuniu na noite de ontem para debater o quadro eleitoral como um todo. Nestor considera, muito difícil a saída de Wickert do PT. “Tive uma conversa com ele, e acredito que ele decidirá permanecer no PT.” Já o presidente da Rede Sustentabilidade, Henrique Maciel da Silva, disse que no partido há diversas pessoas ligadas ao petista que fizeram o convite para que ele ingresse ao partido. “Teve diálogo para ele entrar, mas tivemos contato com várias pessoas, essa decisão vai partir dele.”
AssédioO presidente do PT, Luis Edemir Freda, disse que o partido avalia o momento, mas o assédio para que Wickert deixasse o PT e ingressasse em uma nova legenda ocorre há muito tempo. Freda passou o dia em contato com o companheiro de partido enquanto ele dialogava com lideranças e amigos, para estruturar sua decisão.